BRASÍLIA - A Petrobras divulgou nota, no início da noite desta terça-feira, para negar superfaturamento de 1.800% em trecho do Gasene, entre Cacimbas (ES) e Catu (BA), apontado em auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), que começou a ser votada em dezembro. “Com relação ao custo do empreendimento Gasene, é inverídica a afirmação de sobrepreço de 1.800%. Muito pelo contrário, a contratação da construção dos gasodutos pela Transportadora Gasene foi feita por um valor 4,4% abaixo da estimativa orçada, utilizando-se um projeto básico robusto”, cita a nota. A estatal reconheceu, porém, que o custo total do empreendimento foi “20% acima do valor contratado originalmente”.

O GLOBO enviou perguntas à empresa sobre o encaminhamento dado pela presidente Graça Foster, quando era diretora, sobre as parcerias com a Transportadora Gasene. A estatal não respondeu.

A Petrobras considerou ainda não haver “nenhuma irregularidade” no fato de o endereço da transportadora ser o mesmo do escritório de contabilidade contratado. “O senhor Antônio de Azeredo (dono do escritório) foi também contratado para ser o presidente da sociedade de propósito específico (SPE). Não se trata de ‘laranja’ ou ‘empresa de fachada’. Muito pelo contrário, pois tudo estava de acordo com o que prevê a lei das SAs”, afirma a nota. A Transportadora Gasene, além de usar a sede do escritório de contabilidade e de ter um presidente que declarou ser um “preposto”, tinha capital de apenas R$ 10 mil e era responsável por investimentos de R$ 6,3 bilhões.

A estatal defendeu a criação de SPEs, modelo adotado “desde o final da década de 90”, e a importância do Gasene, “fundamental para a integração do sistema de transporte de gás natural e o setor elétrico brasileiro”. O aumento dos custos se deveu a dificuldades de travessia, maior presença de rochas, chuvas e greves que ampliaram o prazo das obras, de acordo com a Petrobras.