Título: Documentos e incertezas
Autor: Torres, Izabelle
Fonte: Correio Braziliense, 24/07/2011, Política, p. 2/3

Belo Horizonte ¿ Em meio ao barulho em uma das rodovias mais movimentadas do norte de Minas, a BR-251, 20 famílias vivem no local há mais de 25 anos e garantem que pagaram pelos lotes. A agricultora Geralda Santa Rosa, 56 anos, é uma delas. Sua casa está localizada na comunidade de Ponte Nova/Vacaria, município de Salinas, e foi construída na beira da BR, que liga Montes Claros a Rio-Bahia (BR-116) e, segundo Dnit, tem um movimento diário de 5,5 mil veículos por dia.

A agricultora disse que ela, assim como outros moradores da localidade, comprou os lotes ainda antes da construção da rodovia. "Quando saiu a estrada, a gente já estava aqui. Temos o documento do Incra", diz a moradora. A proximidade da ponte sobre o rio Vacaria, situada no fim de uma curva e após uma descida, aumenta os riscos de acidente no local. "A gente sabe do risco de acidente, mas não temos outro local para morar", ressalta Geralda.

A mulher disse que teve conhecimento de que o Dnit pretende alargar a BR-251, podendo até mesmo duplicar a rodovia. Por isso, tem receio de que as famílias sejam retiradas. "Mas se isso acontecer, o que espero é que seja feita uma indenização para que o pessoal daqui possa morar em outro local", diz.

Próximo dali vive a professora Ivanir Jardim, que nega a invasão da área da União. Ela disse que sua família comprou o terreno de uma outra pessoa e que tem documento atestando que está tudo legal. Segundo o chefe regional do Dnit em Montes Claros, Antonio Péricles, se o governo precisar de espaço para alargar a pista, os moradores deverão ser removidos sem receber indenização, mesmo se tiverem feito o pagamento dos terrenos.