Em meio à resistência de deputados do PMDB de deixar com o PT a relatoria da CPI da Petrobras, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), marcou para quinta-feira a instalação da comissão. O tempo maior permitirá que os partidos possam dialogar e encontrar uma solução para o problema. O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), disse que voltará a conversar com Cunha e os líderes dos demais partidos na segunda-feira e buscará a solução que for melhor para a Câmara.

Picciani quer a presidência e vai conversar com o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), a quem derrotou na disputa pela liderança, para saber se ele aceita comandar a comissão.

- Vou aguardar a posição do deputado Lúcio. Ele participou da CPI mista no ano passado e poderá contribuir muito com essa CPI, mas o PMDB tem vários outros nomes para indicar para a comissão. Não tenho restrições a nomes. O PMDB não tem compromisso em ajudar ou prejudicar o governo, em ajudar ou prejudicar a oposição. O compromisso é com a investigação - disse o líder peemedebista, acrescentando:

- Espero fazer as indicações e escolher quem será indicado para presidir a CPI até terça-feira.

Ontem, o líder do PT, Sibá Machado (AC), ligou para Picciani e reafirmou o interesse do PT na relatoria da CPI. Assim como o PMDB, o PT tem direito a três integrantes da CPI e não indicou os nomes à Secretaria Geral das Mesa. Entre os nomes citados por petistas para a relatoria está o do deputado e ex-presidente da Câmara Marco Maia (PT-RS), que tem dito a interlocutores que não quer assumir novamente o posto.

Como a instalação está marcada para quinta-feira, os partidos terão que indicar seus integrantes até esse dia e se não o fizerem, Cunha já avisou que fará as indicações de ofício. Até agora, foram indicados pelos partidos 15 deputados titulares para compor a CPI. O PMDB, que capitaneia o maior bloco partidário, deverá ficar com a presidência da comissão. Pelo regimento, o presidente, que é eleito em votação secreta na CPI, escolhe o relator entre os integrantes da comissão. Normalmente, as indicações são fruto de acordo entre os partidos.

No Senado, o líder do PSB, José Capiberibe (AP), disse que a bancada decidirá na próxima terça-feira posição sobre a criação de CPMI da Petrobras, composta por deputados e senadores. O PSB do Senado havia anunciado que aguardaria a manifestação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, para se decidir.

Na sessão de quarta-feira, o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), havia reclamado que a coleta de assinaturas "estancou" no PSB e no senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). São necessárias as assinaturas de 27 senadores para viabilizar uma CPI Mista, e até agora só 23 assinaram o requerimento. O PSB tem uma bancada de seis senadores.

- A nossa bancada é decisiva para completar o número exigido pelo Regimento Interno. Nós não somos oposição, mas não somos governo. O que nós somos? Nós somos os agentes políticos aqui dentro que buscam entender as aspirações coletivas - disse Capiberibe.

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Na Câmara, carnaval mais longo que o da Bahia   

Enquanto o carnaval na Bahia, oficialmente, durou sete dias (de 12 a 18 de fevereiro), na Câmara dos Deputados ele foi ainda maior e só termina no domingo. Levando em consideração que desde o último dia 12 não houve sessão e que um requerimento pedindo a não realização de sessões plenárias no período de 18 a 20 de fevereiro foi aprovado em sessão simbólica na semana passada, sem contestações, a folga carnavalesca da Câmara totalizará 11 dias, incluindo o fim de semana. O feriado prolongado tende ser ainda maior, já que às segundas-feiras o Congresso costuma ficar deserto.

No Senado, apesar da realização de debates na quarta-feira de Cinzas e ontem, a pauta está trancada por Medida Provisória e nenhuma MP ou projeto de lei foi votado neste ano.

O folgão na Câmara não vai custar pouco aos contribuintes. Com o reajuste do Legislativo já em vigor, durante os 11 dias cada um dos 513 deputados vai receber cerca de R$ 1.205 por dia. Ou seja, R$ 6,8 milhões sairão dos cofres públicos para bancar a festa dos parlamentares.

Todos os líderes das bancadas assinaram o requerimento de apenas uma linha para a não realização de sessões de 18 a 20 desse mês, a pedido do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A sessão que aprovou o documento, no último dia 10 de fevereiro, teve a presença de 342 dos 513 deputados.

- Nada vai acontecer até segunda-feira - afirmou Cunha ontem.