BRASÍLIA
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, recebeu em audiência em seu gabinete, no último dia 5, três advogados da empreiteira Odebrecht, citada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa na delação premiada da Operação Lava-Jato. O encontro consta da agenda oficial do ministro, divulgada no site da pasta. A página não informa que os advogados representam a construtora nem detalha a pauta do evento. Anteontem, a revista "Veja" noticiou que Cardozo encontrou Sérgio Renault, advogado da empreiteira UTC. Ao GLOBO, o ministro negou que tenha atendido Renault. Disse que os dois apenas se cumprimentaram na antessala de seu gabinete. O dono da UTC, Ricardo Pessoa, está preso e é apontado como chefe do cartel que teria se beneficiado de desvios na Petrobras.
No site do ministério, a agenda de Cardozo no dia 5 era: "Audiência com os senhores Pedro Estevam Serrano, Maurício Roberto Ferro, Dora Cavalcanti e com a participação do secretário-executivo do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira. Pauta: visita institucional". Serrano e Dora são advogados da construtora. Ferro é o vice-presidente jurídico.
A Odebrecht foi citada por Costa em sua delação premiada. Segundo o ex-diretor da Petrobras, a construtora teria lhe pagado US$ 31,5 milhões em propina de 2012 a 2013 em contas na Suíça. A empresa classificou as acusações como "calúnias".
Cardozo confirmou ao GLOBO que se reuniu com os advogados, mas não quis mencionar o nome da empresa. Ele disse que eles foram atendidos por terem feito um pedido formal de audiência. Segundo ele, a equipe apresentou duas representações contra supostas irregularidades na Lava-Jato, mas o ministro não quis detalhar o tema.
- As representações tramitam em sigilo e foram encaminhadas aos órgãos responsáveis. Foi feita uma ata da reunião - disse.
Cardozo afirmou que essa foi a única reunião que teve com advogados de empreiteiras envolvidas no escândalo. Cardozo também ressalta que, em nenhum momento, tranquilizou os advogados e classificou a informação como um "boato". A assessoria da UTC informou que o advogado Sergio Renault não representa a empresa. Mas o sócio dele Sebastião Tojal advoga para a empreiteira. Procurada, a Odebrecht não retornou até o fechamento desta edição.
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Planalto nega alteração de verbete na rede
O Palácio do Planalto negou que a alteração do verbete "Muçulmanos" na Wikipédia tenha tido origem em um computador da Presidência da República. Em nota, o Planalto sugeriu que a reportagem deveria ter "feito uma busca no portal Registro.br no qual teria confirmado que o IP não é mesmo da Presidência". A ferramenta sugerida pela Presidência, no entanto, não fornece dados sobre o IP, apenas sobre o provedor utilizado. Na pesquisa feita no "Registro.br", descobre-se que a mudança foi feita através da Brasil Telecom S.A. Nada além disso. No site db-ip.com, por sua vez, é possível verificar que o número do IP usado para alterar o verbete realmente é governamental. Até o fechamento desta edição, ele era da Presidência da República.
De acordo com denúncia feita pelo @BrWikiEdits, perfil no Twitter que posta na rede social um aviso toda vez que uma rede governamental faz uma atualização em algum verbete da enciclopédia virtual, um IP (o de número 200.181.15.25), identificado como sendo do Planalto, teria editado o artigo, acrescentando nele fortes críticas. A informação foi publicada anteontem no site do GLOBO e ontem na versão impressa do jornal.