A tensao no governo e enorme. Apesar de o ministro da Justica, Jose Eduardo Cardozo, e do secretario-geral da Presidencia, Miguel Rossetto, terem minimizado as manifestacoes de ontem contra a presidente Dilma Rousseff, e grande a preocupacao com o que pode ocorrer hoje no mercado financeiro. Entre os analistas, ha quem aposte que o dolar podera romper os R$ 3,30 logo pela manha e caminhar rapidamente para os R$ 3,40, com mais um tombo na bolsa de valores, caso os investidores identifiquem fragilidade ainda maior do Palacio do Planalto nas negociacoes com o Congresso. 

Na avaliacao da economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, o maior temor dos investidores e que tanto o governo quanto o Congresso tenham recaidas populistas, que ponham em risco o ajuste fiscal prometido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Do lado da presidente Dilma, poderia haver a desistencia de se levar adiante restricoes a programas como o seguro-desemprego e o abono salarial. Do lado do Legislativo, simplesmente enterrar todos os projetos encaminhados pela equipe economica. 

Os analistas sabem que a maior parte do arrocho nas contas publicas proposto por Levy depende do Executivo. Mas consideram importantissimo que todas as medidas sejam implantadas com o apoio da base aliada, para reforcar a certeza de que, no meio do caminho, nao havera recuos por parte do Palacio do Planalto, sobretudo quando o desemprego mostrar as caras. E certo que a presidente Dilma depende do ajuste fiscal para se fortalecer. Mas as medidas propostas tem custos e ha muitas criticas a elas, principalmente por parte do PT, afirma Zeina.