BRASÍLIA

O novo presidente da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) será Gueitiro Matsuo Genso, diretor da Área de Clientes Pessoas Físicas do BB. O nome do executivo deve ser confirmado ainda hoje pelo conselho deliberativo da Previ, que se reunirá de forma extraordinária.

O executivo tem 43 anos, é funcionário de carreira do banco e tem perfil técnico. A indicação dele ao comando do maior fundo de pensão do país, com ativos de R$ 170 bilhões e quase 200 mil participantes entre ativos e aposentados, é uma demonstração de força do presidente da instituição, Alexandre Abreu, a quem Gueitiro é ligado. Os dois trabalharam juntos quando Abreu era vice-presidente da área de varejo do BB.

cargo disputado

Desde dezembro, a presidência da Previ está ocupada interinamente por Marco Geovanne Tobias da Silva, já que o presidente anterior Dan Conrado se aposentou. Nesse prazo, alguns nomes chegaram a ser cogitados para ocupar o cargo, considerado estratégico no governo. Um dos cotados foi o atual vice-presidente de Gestão de Pessoas do BB, Robson Rocha, que é filiado ao PT.

Outro nome que entrou nessa lista foi o de Ivan Monteiro, que era vice-presidente de Finanças do BB e virou diretor da Petrobras, no processo de substituição de Graça Foster por Aldemir Bendine na presidência da estatal.

A presidência da Previ, cuja indicação é prerrogativa do patrocinador (no caso, o BB), é cobiçada entre os quadros do banco e mobiliza a atenção dos participantes do fundo de pensão, dada a importância do cargo. Em caso de empate nas decisões internas da entidade, o patrocinador tem voto de minerva.

Previ e outros grandes fundos de pensão, como a Petros (Petrobras) e a Funcef (dos funcionários da Caixa Econômica Federal), têm sido usados pelo governo federal para atrair investimentos no setor de infraestrutura. Via Invepar, a Previ está presente em aeroportos, rodovias, hidrelétricas e no setor de petróleo. O fundo também fez investimentos na Sete Brasil, empresa fornecedora de sondas do pré-sal, citada na operação Lava-Jato e que enfrenta dificuldades financeiras.

Segundo interlocutores, a escolha de Genso para o comando da entidade trouxe tranquilidade para os participantes. No banco, ele tem a admiração dos colegas pelo perfil técnico, foco em governança e compromisso com resultados. Um dos principais desafios do fundo de pensão nos próximos oito anos é direcionar a política de investimentos, hoje focada em renda variável, para atender às necessidades de fluxo de caixa com o avanço das aposentadorias do plano antigo. Atualmente, a Previ desembolsa R$ 9 bilhões por ano com pagamento de benefícios.

mais desembolsos à vista

A Previ tem dois tipos de planos de previdência: o Plano I e o Previ Futuro. O Plano I foi fechado em 1998 e corresponde a mais de 90% do total de ativos do fundo. Ele é do tipo benefício definido, em que os valores a serem pagos aos participantes são previamente estabelecidos e não dependem diretamente do resultado das aplicações dos recursos da entidade. A estimativa é que, dentro de oito anos, todos os funcionários que estão dentro desse plano se aposentem, o que vai elevar os desembolsos do Fundo.

Em 2013, a Previ registrou superávit de R$ 24 bilhões. O resultado do ano passado ainda não foi divulgado, mas o valor deve cair devido ao comportamento da economia, sobretudo do mercado de ações. Assim, para manter o equilíbrio das contas e atender à demanda dos participantes, o fundo terá que alterar seus investimentos, direcionando as aplicações para ativos de maior liquidez.