A opção pela geração elétrica com base na energia nuclear deixou de ser uma simples opção para Brasil. Ela passou a ser prioridade das prioridades. E já. Dizem que só o sofrimento faz uma nação crescer. E o que estamos vivendo com a gravíssima crise hídrica e energética é mais do que suficiente para o país fazer logo a sua escolha. Fazer a sua opção, olhando para as gerações do futuro. De um futuro que está logo ali.

O Brasil vive um momento de necessidade de garantir mais energia de base para o seu desenvolvimento econômico. Isto é imperioso. Já foi o tempo em que nos escorávamos na natureza para afirmar e propagar que somos privilegiados, com água, sol e vento abundantes. Adorávamos dizer que o Brasil detinha 20 % da água do planeta. A crise que estamos passando sem saber ao certo o final deste filme precisa mais do que apenas inquietar a quem tem a responsabilidade de proporcionar desenvolvimento e a tranquilidade para as futuras gerações.

O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo, mas está privilegiando matrizes energéticas complementares, como a eólica e a energia solar. Precisamos tomar a decisão certa, com urgência e optar por ampliar a nossa matriz energética com base nuclear.

Depois da decisão da construção de uma usina, há um período de quatro anos para seu licenciamento, além de mais cinco anos para a sua construção. Isto significa que, se decidirmos por uma nova usina no início de 2015, somente no início de 2024 ela entrará em operação. O Brasil está crescendo e temos pressa para que sejamos sustentáveis energeticamente, de maneira econômica e amigável ambientalmente.

Um estudo recente da FGV, projeto apoiado pela ABDAN, revela que o nosso país, num cenário conservador, precisará da energia de 18 novas usinas nucleares de 1.000 MW para 2040, sob o risco de vivermos uma crise ainda pior para uma população ainda maior.

Temos tecnologia, conhecimento, material humano e urânio. Por que não tomar esta decisão imediatamente? A cada empreendimento deste porte, mais de 30 mil empregos diretos e indiretos são gerados. Dezenas de empresas de diferentes portes serão geradas levando riqueza e oportunidades para toda região em seu entorno. O nosso país precisa com urgência optar pelo lógico e pelo óbvio.

Cerca de 80% da eletricidade gerada na França proveem da energia nuclear. A Alemanha quer recuar na produção de energia nuclear, mas já sofre com os altos preços e com a saída de indústrias de base, que preferem fabricar seus produtos a custos de energia mais baratos em países vizinhos. O Japão, mesmo depois de Fukushima, não vê outra alternativa a não ser voltar a operar suas usinas. Neste momento, quase 70 novas usinas nucleares estão sendo construídas no mundo inteiro.

O Brasil, além dos recursos hídricos explorados, tem para apoiar a sua matriz energética a energia eólica, a energia solar e a geração térmica a gás e a óleo. Mas elas são apenas fontes complementares. Isso precisa ficar bem claro. E um país em franco crescimento como o nosso, com ambições de proporcionar mais progresso, com a consequente melhoria de vida de sua população, educação e saúde, não pode calçar a sua escolha apenas em fontes sazonais. Elas são importantes, mas são alternativas.

O Brasil tem água, vento, sol, urânio, biomassa, óleo, gás e carvão. Um privilégio. Mas não temos que seguir o caminho dos combustíveis poluentes para a nossa geração de energia. As usinas nucleares são as melhores opções. Tanto do ponto de vista do desenvolvimento econômico, da independência energética, do domínio da tecnologia, quanto da consolidação de novos talentos em nossa juventude.

Não podemos deixar o tempo passar e as decisões simples escorrerem entre os nossos dedos. É preciso tomar a decisão urgentemente. Nuclear, já !

Antônio Muller é presidente da ABDAN (Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares)