Brasília, 16/03/2015 - O Banco Central deu ontem (16) uma indicação do forte ritmo de queda da economia no início de 2015. Considerado uma prévia do PIB, o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) apontou um recuo de 0,11% em janeiro em relação a dezembro, já descontados os efeitos sazonais - como o número diferente de feriados. É o pior começo de ano desde 2012, quando houve uma retração de 1,34% na economia.

A grande diferença entre o que aconteceu três anos atrás e agora é a base de comparação. Em 2012, o recuo se deu sobre um período forte, enquanto a queda do IBC-Br de janeiro desse ano já é a segunda consecutiva. Em dezembro, o indicador havia recuado 0,57% sobre novembro. Em 2014, o IBC-Br subiu 1,11% em janeiro ante dezembro e, em 2013, avançou 0,63% em igual período.

O IBC-Br serve como parâmetro para avaliar o ritmo da economia ao longo do tempo. Por causa de seu vaivém e das revisões que são feitas pelo BC todos os meses, os especialistas preferem considerar o comportamento do IBC-Br acumulado em períodos mais longos. Dessa forma, o índice fica até mais próximo do resultado oficial do PIB. O IBC-Br de 2014, atualizado ontem (16), ficou em -0,13%.

Forte retração

Em 12 meses, o índice acumula baixa de 0,4%. Pelos cálculos da equipe de economistas da Rosenberg Consultores Associados, esta é a maior baixa em um ano desde dezembro de 2009, quando registrou retração de 1,25%.

A piora de janeiro confirmou as estimativas mais pessimistas de analistas do mercado. Eles esperavam um recuo máximo de 0,14% do indicador de janeiro sobre o mês anterior e de 1,80% na comparação com o mesmo mês de 2014. Veio uma baixa de 1,75%, perto do palpite mais pessimista.

“A queda ocorre a despeito do aumento na margem verificado tanto na indústria como no comércio, sinalizando que os serviços também não estão no melhor dos mundos”, avaliou a equipe da Rosenberg. Para eles, com ajuste fiscal, alta dos juros e Operação Lava Jato, que reduz investimentos e produção, além de todas as incertezas quanto ao fornecimento de energia e água, a economia deve recuar 1,5% este ano.

Flavio Serrano, economista do Besi, disse que a surpresa com o indicador é a primeira de más notícias que virão pela frente. “O IBC-Br retrata a atividade fraca e mostra um começo de 2015 de contração. É provável que em fevereiro isso permaneça, já que o varejo não deve contribuir como em janeiro, fazendo com que se aponte para um quadro recessivo para o primeiro trimestre e para o ano.”

Para o economista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências, os números de fevereiro serão ainda piores. “Tanto a produção industrial como o varejo não têm sinais muito favoráveis e, mesmo com resultados positivos na margem, em janeiro, apresentaram desempenhos negativos importantes na comparação com o ano anterior.”


Para ele, o primeiro semestre do ano deve registrar um movimento mais intenso de retração da economia em 2015. Na segunda metade do ano, no entanto, deve haver uma leve recuperação. A estimativa da Tendências para o PIB de 2015 é de recuo de 1,2%.