Título: Menos demora na viagem
Autor: Alcântara, Manoela
Fonte: Correio Braziliense, 27/07/2011, Cidades, p. 24

Portões eletrônicos que farão a análise dos passaportes em apenas oito segundos prometem reduzir a fila nas chegadas e saídas de voos internacionais. Sistema começou a ser implantado ontem e, inicialmente, passará por testes apenas na rota Brasília-Lisboa

As viagens internacionais com entrada e saída pelo Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, vão ficar mais rápidas e seguras. Começou ontem a primeira fase de implantação de portões eletrônicos que farão a leitura dos passaportes para verificar a autenticidade dos documentos e os dados dos passageiros. Com o sistema conhecido como Rapid (Reconhecimento Automático de Passageiros Identificados Documentalmente), os viajantes não vão mais precisar passar pelos agentes da Polícia Federal no setor de imigração. Significa que serão poupados de perguntas sobre o motivo da entrada no país e ainda economizarão tempo.

Além da redução das filas, com o novo sistema, toda a análise de dados do usuário do serviço aéreo será feita em oito segundos, enquanto no antigo sistema de preenchimento manual demorava cerca de quatro minutos. Desenvolvido pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e pela empresa portuguesa Vision-Box, o Rapid está em fase de testes somente na rota Brasília-Lisboa (Portugal), mas, se der certo, deve fazer parte da operação de segurança planejada para os aeroportos das cidades sede da Copa do Mundo de 2014 e também para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.

Inicialmente, apenas brasileiros e portugueses com passaportes diplomáticos ou oficiais com chip poderão realizar o controle de migração nos portões eletrônicos. Somente no fim do ano, as pessoas com passaportes comuns começarão a usufruir do benefício. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Teles Barreto, a medida é um passo importante para a modernização aeroportuária de que o país necessita para receber turistas. "O fluxo de passageiros em viagens internacionais aumentou. Todos os dias, os recordes são quebrados. O Rapid vai evitar a tensão e o constrangimento causados pelas perguntas para decidir se aquele indivíduo pode ou não entrar em determinado país", ressaltou.

Praticidade A segurança e a rapidez também serão peças integrantes na instalação do equipamento, que funciona com êxito em países como Portugal, Inglaterra e Austrália. O processo é muito simples. O indivíduo coloca o passaporte em um leitor, que valida os dados armazenados no chip a partir de uma consulta na base de dados de segurança. Depois da identificação confirmada, o aparelho faz uma comparação entre a foto do documento e o passageiro por meio da análise de dados biométricos faciais. Caso todas as semelhanças sejam confirmadas, as portas da fronteira se abrem automaticamente. Se as informações não estiverem corretas, um agente de imigração estará em uma cabine para ajudar os viajantes.

Nessa fase de teste, os portões de embarque e desembarque foram cedidos pelo governo de Portugal por meio de uma parceria com a Polícia Federal, mas, depois de analisar se a tecnologia será bem-sucedida no Brasil, um processo de licitação deve ser aberto para identificar a melhor empresa a desenvolver o novo método. "Nada impede que a tecnologia seja desenvolvida aqui, mas temos que estudar a fundo as propostas", complementou Barreto.

Até a Copa, somente chip Nos primeiros sete meses do ano, cerca de um milhão de passaportes com chip foram emitidos pela Polícia Federal. Como os documentos antigos têm até cinco anos para vencer, a previsão é de que até a Copa do Mundo e as Olimpíadas todos os brasileiros tenham o documento com chip. O portão eletrônico deve ser utilizado por países que firmarem parcerias de entrada e saída internacional com o governo brasileiro a fim de facilitar as viagens.