Título: Movimento dividido
Autor: Gama, Júnia
Fonte: Correio Braziliense, 25/07/2011, Política, p. 4

Marcos Fernandes, presidente nacional do Diversidade Tucana, setorial LGBT do PSDB, afirma que as dificuldades para obtenção de um consenso em relação ao PL 122 existem por conta da fragmentação dos líderes da comunidade. "O movimento é muito dividido, acaba perdendo o foco", diz. Para ele, a frente religiosa sai com a vantagem de realizar reuniões frequentes nos templos para definir um discurso uníssono.

Fernandes acredita que o debate está monopolizado no Congresso por poucos parlamentares, que falam em nome do grupo, mas que, na realidade, não representam as demandas do movimento, já que não debatem, suficientemente, com a comunidade. Ele classifica de "oportunista" a atitude de alguns parlamentares que estão à frente do movimento no Congresso. "Há propósitos eleitoreiros envolvidos, é preciso debater mais profundamente o tema", diz.

Enquanto isso, a frente religiosa vem demonstrando força para barrar propostas da comunidade LGBT. Um episódio recente demonstra a unidade da bancada evangélica, que parece sobrepor a articulação religiosa às questões partidárias.

Durante a crise que derrubou Antonio Palocci da Casa Civil, o presidente da Frente Parlamentar Evangélica (FPE), deputado João Campos (PSDB-GO), chegou a ameaçar a presidente Dilma Rousseff com a assinatura dos parlamentares religiosos para a instalação da CPI que investigaria denúncias contra o ex-ministro, caso o governo insistisse na distribuição do kit antihomofobia, do Ministério da Educação. Isso ocorreu, inclusive, depois que o PSDB e o DEM haviam decidido pedir a instalação da CPI. Marcos Fernandes afirma que a posição do deputado causou incômodo no partido. "Ele não poderia ter dado aquela declaração", disse. (JG)