Despedida

Após adiar algumas vezes sua aposentadoria, Mozart Vianna, que durante 24 anos foi secretário-geral da Mesa Diretora da Câmara, fez sua despedida ontem à noite. O anúncio foi feito em plenário pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que disse ter feito "de tudo" para adiar a saída de Mozart.

O secretário-geral será substituído por Silvio Avelino, que é o atual diretor do Departamento de Comissões da Casa.

Mozart Vianna recebeu longa homenagem dos deputados durante a sessão. Foi aplaudido por alguns minutos e, enquanto muitos parlamentares discursavam elogiando sua atuação na Câmara, outros o cumprimentavam no plenário.

A saída do secretário-geral estava prevista para o primeiro dia de fevereiro, mas, quando foi eleito para comandar a Câmara, Cunha fez um apelo para que Mozart permanecesse um pouco mais na função, para que pudesse fazer a transição.

Ex-seminarista que se tornou "espírito santo de orelha de deputado", como foi chamado por Ulysses Guimarães, o mineiro Mozart Vianna esteve ao lado de 12 presidentes da Câmara e, algumas vezes, influenciou os rumos de votações importantes. Aos 63 anos, formado em Letras, ele é conhecido no Congresso como o "Doutor Mozart".

O ex-secretário-geral considera Michel Temer um "gentleman", diz que Aécio Neves sempre foi "alegre e Bon vivant ", que Severino Cavalcanti era "muito popular", mas lembra com especial carinho de Luís Eduardo Magalhães, cuja foto decorou a parede de sua sala a partir de 1998, quando o político faleceu.

Momentos históricos

Mozart viveu momentos históricos no Congresso, como a conclusão da Constituinte e a votação do impeachment de Fernando Collor. Tanto tempo em pé e curvado para falar aos presidentes da Câmara rendeu a Mozart uma inflamação na lombar.

Ele conta que só passou a ficar sentado durante as sessões quando a mulher de Severino, então presidente da Casa, chamou a atenção do marido por causa do "deputado" que passava as sessões em pé, cochichando ao seu ouvido. Quando soube que era o secretário-geral, ela mandou que o marido pusesse uma cadeira para ele no plenário.