Os caminhoneiros deram trégua no protestos que se estenderam por 15 dias em várias regiões do país. Após a liberação de todas as rodovias federais, na manhã de ontem, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rosseto, recebeu líderes do movimento, no período da tarde, no Palácio do Planalto. O governo espera ter tempo para estudar as novas propostas apresentadas para reabrir o diálogo com a categoria, em reunião marcada para a próxima terça-feira.

“Os caminhoneiros entregaram ao ministro sugestões de temas a serem tratados na mesa de negociação, coordenada pelo Ministério dos Transportes, que terá como prioridade o debate sobre a criação da tabela referencial de frete”, informou nota distribuída pela Presidência. A categoria reivindica ainda a revogação do último aumento do PIS e da Cofins sobre o diesel, que elevou o combustível em R$ 0,15 nas refinarias. A correção gerou efeito cascata sobre o ICMS, o que provocou reajustes subsequentes do produto em 23 estados e no Distrito Federal.

Além disso, os transportadores pedem a abertura de linha de crédito especial para o transportador autônomo de cargas, reserva de mercado de 40% em mercadorias transportadas no país, carência de 12 meses para pagamento de financiamento de caminhões, a criação de um fórum permanente de debates para discutir as demandas apresentadas, e o perdão de multas, notificações e processos judiciais aplicados durante as duas semanas de protestos e paralisações.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), às 11h havia quatro manifestações de caminhoneiros no Rio Grande do Sul, nos municípios de Soledade, Santa Maria, Santa Rosa e Cachoeira do Sul. Todas ocorreram fora de rodovias. No fim da tarde, a PRF voltou a confirmar que todos os protestos haviam terminado, não restando mais bloqueios parciais ou totais nas estradas.

Buzinaço
Em Brasília, por volta das 16h30, os pouco mais de 50 caminhões que estavam estacionados no Estádio Mané Garrincha desceram o Eixo Monumental em direção à Esplanada dos Ministérios, onde promoveram um buzinaço. Chamada pelos caminhoneiros de a “carreata da vitória”, o ato durou aproximadamente 50 minutos.

“Fomos recebidos e conseguimos dialogar com as autoridades. Abrimos as portas para os pequenos, que não estavam sendo ouvidos”, comemorou Leandro Nardini, 31 anos, que percorreu cerca de 2 mil quilômetros, de Maravilha (SC) ao DF. “Conseguimos o direito de participar de todas as negociações. Estamos propondo uma trégua e esperamos o bom senso de ambas as partes para chegarmos a um entendimento”, analisou Maurício Vendrame, 30.

Contudo, alguns manifestantes prometem seguir com o movimento. Alessandro Muniz, 36, morador de Taguatinga, garante que vai continuar de braços cruzados. “Só promessa não resolve, estou cansado disso”, reclamou ele, que pede a redução imediata do preço do diesel. Outros caminhoneiros garantiram que o movimento está se fortalecendo. “Tenho a informação de que mais de 150 caminhões estão vindo de Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop, em Mato Grosso”, disse um deles, que preferiu não ser identificado.