O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) ocupou pela primeira vez a tribuna do Senado, desde que foi empossado em fevereiro deste ano, para se defender das acusações de que teria recebido propina do esquema de desvios da Petrobras. O nome do parlamentar faz parte da lista de políticos que serão investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de participação em irregularidades na estatal. Anastasia classificou como uma “infâmia de grandes proporções” e disse que em seus 30 anos de vida pública exerceu cargos relevantes e de responsabilidade e jamais teve sua “ética”, “retidão” e “probidade” questionadas.

O senador disse estar sendo caluniado de forma “vil e abjeta” e lamentou o fato de usar a tribuna pela primeira vez para se defender de uma “sórdida mentira”. Anastasia disse que seu discurso, batizado por ele de “A grande indignação”, foi o mais importante de toda sua carreira. “Defendo aquilo que tenho de mais precioso em 30 anos de vida pública: minha honra e minha história”, afirmou o senador.

Ao todo, 12 senadores serão investigados. Segundo o Ministério Público, um ex-policial federal, Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido por “Careca”, disse em depoimento à Polícia Federal que, a mando do doleiro Alberto Youssef, entregou R$ 1 milhão pessoalmente ao tucano em 2010, quando Anastasia disputava a reeleição ao governo estadual, em uma casa no Bairro Belvedere, Zona Sul de Belo Horizonte. Careca disse que na época não sabia quem ele era e que só veio a reconhecê- lo depois que viu uma reportagem sobre sua reeleição.

“Basta a simples leitura do que já foi disponibilizado para se verificar as contradições e incongruências: não há identificação da tal casa, seu endereço ou seu proprietário, não se sabe a data, a hora, o meio de transporte, nada. A identificação feita por foto é por mera semelhança”, afirmou o senador. Segundo ele, o depoimento do próprio Careca foi contestado por Yousseff, por meio de seus advogados. Anastasia garante que as não conhece, nunca falou e nunca esteve pessoalmente com nenhum dos investigados.

“A fala de um desqualificado, sem qualquer compromisso com a verdade e sem qualquer prova do que alega, não pode macular 30 anos de ilibada vida pública”, afirmou o senador, que disse estar sereno e à disposição da Justiça para prestar qualquer tipo de esclarecimento. “Estou tranquilo, pois não deixarei de provar que as acusações supostamente incriminadoras não passam de devaneio do acusador, uma vez que não se encontram indícios e muito menos elementos para abertura da peça administrativa”, disse o ex-governador de Minas Gerais, por dois mandatos consecutivos.

Durante sua fala, ele também agradeceu a solidariedade que vem recebendo desde que as denúncias vieram à tona, pela primeira vez, em janeiro deste ano.

Apoio

Após o discurso, alguns senadores manifestaram apoio a Anastasia. O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, comparou Anastasia a Tancredo Neves e Ulysses Guimarães e disse ter confiança “na lisura de sua vida pública. “A vida me deu o privilégio de conviver com homens como Tancredo Neves, de conviver com homens como Ulysses Guimarães, como Teotônio Vilela, dentre tantos outros, que tiveram, sim, uma extraordinária dimensão política no tempo emqueatuaram.Maseudigoaqui, na tribuna do Senado Federal, que, do ponto de vista pessoal, moral, nenhum supera Vossa Excelência”, disse Aécio.

Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), a inclusão do nome de Anastasia na lista dos investigados é uma das maiores injustiças da história. “Tenho certeza absoluta de que isso será esclarecido o mais rápido possível. A justiça e a verdade devem prevalecer”, afirmou Tasso. Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) disse que a vida de Anastasia transformou honestidade “em substantivo”. O tucano cobrou uma investigação rápida para que a verdade e a justiça venham à tona e criticou o esquema de corrupção que atinge a Petrobras. Para o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), a“acusação não fica de pé”.