Após anunciar, pela manhã, o apoio irrestrito do PSDB às manifestações populares marcadas para domingo, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse, à tarde, que Dilma Rousseff está “sitiada e “não pode mais andar pelas ruas do país”. Ele se referia às vaias direcionadas à petista na terça-feira, durante a abertura da 21ª edição do Salão Nacional da Construção.

Para ele, a presidente “paga o preço pela mentira e pela arrogância”. “Quantas vezes, durante a campanha eleitoral, eu disse à presidente Dilma:‘Peça desculpas ao Brasil pelo descalabro na Petrobras’. E ela dizia:‘Nada acontece na Petrobras’. Quantas vezes eu disse: ‘Admita que a inflação não está sob controle’, e ela dizia que estava sob controle”, exemplificou.

Pela manhã, após reunião da Executiva Nacional, Aécio afirmou que, apesar das críticas ao Planalto e o apoio às manifestações, a palavra impeachment não está na agenda do PSDB neste momento. Ele também confirmou que não participará, pessoalmente, dos atos de domingo. “Essa foi uma decisão nossa para evitar que as pessoas caracterizem as manifestações como uma tentativa de promover o terceiro turno das eleições presidenciais”, explicou Aécio. À noite, atualizou o discurso. Em entrevista a uma rádio, ele se definiu como “um cara de rompantes”.“ Quem sabe eu não resisto na última hora?”, disse.

Para o tucano, é inadmissível aceitar que alguns setores da sociedade (em uma crítica indireta ao PT) queiram definir contra o quê as pessoas podem ou não protestar. “Isso é menosprezar a inteligência dos brasileiros.” Aécio estranhou as manifestações convocadas pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela União Nacional dos Estudantes (UNE) para defender a Petrobras e “blindar o governo Dilma”. “Eu não me lembro, na história recente da democracia, de momentos em que o governo convocou as pessoas a irem às ruas para defendê- lo. Aliás, me lembro. A última vez foi com Fernando Collor, e vocês lembram o que ocorreu”, recordou.