Brasília e Belo Horizonte — Sindicalistas, integrantes dos movimentos sociais e de partidos de esquerda — sobretudo petistas — manifestaram-se ontem em 24 estados e no Distrito Federal a favor do governo Dilma Rousseff. Houve também a defesa da Petrobras, da reforma política e dos direitos dos trabalhadores, o que embute críticas ao ajuste fiscal implementado pelo Planalto. De prontidão — como permanecerão, por sinal, durante todo o fim de semana —, os ministros do conselho político, chefiado pela presidente, comemoraram o fato de os atos terem sido pacíficos em todo o país. Já a oposição considerou as manifestações pífias.

Os atos de ontem foram convocados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) como uma forma de blindar o governo Dilma e funcionar como um antídoto aos movimentos oposicionistas marcados para amanhã em todo o país.“O clima foi muito bom, muito tranquilo. Tinha muita gente empenhada em defender o governo, a Petrobras e mostrar que não há clima para o impeachment no Brasil”, explicou ao Correio um dos vice-líderes do governo na Câmara, Carlos Zarattini (PT-SP). Zarattini avalia em 30 mil pessoas na Avenida Paulista — além do ato da CUT, que ofereceu lanche e transporte aos manifestantes, os professores estaduais ainda decidiram ontem entrar em greve. O número estimado pelo petista é um meio-termo entre o que afirma os organizadores (100 mil) e o que calculado pela Polícia Militar (12 mil). Em outras unidades da Federação, os números também ficaram abaixo do esperado pelos organizadores. Em Belo Horizonte, foram 1,2 mil pessoas; no Rio, onde houve um flagrante de distribuição de dinheiro (leia ao lado) foram 1,5 mil pessoas; mil no Pará; 5 mil na Paraíba, e assim por diante. “Provamos que a vida nas ruas não será tão fácil para a oposição”, brincou ele.

O coordenador do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais, Leopoldino Martins, disse que o movimento surtiu o efeito desejado.“Defender a Petrobras é defender o Brasil. A empresa é responsável por 13% do PIB LAVA-JATO Mundo dos blogs: seguir esse caminho precisa de capacitação e trabalho duro. Trabalho & Formação Profissional Obesidade infantil: saiba como o apoio de médicos e familiares é fundamental. Revista do Correio Veja como a velha guarda e a nova geração da cultura brasileira trilham o caminho do sucesso. Diversão & Arte LEIA amanhã no seu 15 domingo março dopaísegera1milhãodeempregos na cadeia produtiva”, afirma o sindicalista. SegundoMartins,80petroleirosdeveriaminiciaroturnodeserviço nomomentodoprotesto,maseleestimaque85% dosfuncionáriosdaPetrobras no estado não trabalharam, aderindo ao movimento de ontem.

Pressão

Em Betim (MG), entre os cerca de 500 manifestantes que protestaram na manhã de ontem na porta da Refinaria Gabriel Passos (Regap), estavam servidores da Prefeitura de Contagem. Eles teriam sido convocados pelo gabinete do prefeito Carlin Moura (PCdoB), que esteve no evento, por meio de um comunicado que circulou na internet a partir da noite de quinta-feira. A assessoria de imprensa da prefeitura nega o chamado oficial para participação de servidores comissionados na marcha em defesa da Petrobras, mas a reportagem presenciou um ônibus deixando cinco pessoas na porta da prefeitura logo depois do evento, sendo que um dos funcionários confirmou que houve convocação. Durante o evento, sindicalistas também garantiram que empregados de Contagem engrossaram o caldo dos manifestantes.

Um dos idealizadores dos protesto, o líder máximo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, reclamou da pressão feita pelos oposicionistas nas redes sociais. “A direita está fazendo uma tentativa de homicídio”, em uma alusão à montagem com sua foto que está circulando pelo Facebook como um cartaz de “procurado” e uma recompensa estipulada em R$ 10 mil para quem o capturar vivo ou morto. “Eu peço providências ao secretário de Segurança para garantir não só a minha vida, mas a de todos os militantes sociais”, pediu ele.

Stédile acrescentou que o MST “está feliz por participar de uma jornada cívica”. O líder sem-terra ficou marcado após ato em defesa da Petrobras, no centro do Rio, realizado há três semanas, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso inflamado, afirmou que “se eles (os oposicionistas) quiserem briga, ele vai chamar o exército do Stédile (o MST ) para ajudar na briga”.

O Palácio do Planalto atevese menos à quantidade de pessoas nas ruas e mais ao caráter pacífico das manifestações. O Correio adiantou ontem que, além da vigília dos ministros mais próximos à presidente Dilma — o que permanecerá ao longo deste fim de semana —, o Ministério da Justiça conversou com as secretarias de segurança pública estaduais para evitar confrontos e garantir a segurança dos manifestantes.

Interlocutores da presidente comemoraram a sexta-feira 13. A avaliação é de que as manifestações foram mais fortes nas principais capitais do país e tentaram desvincular os atos de ontem com os programados para amanhã. “O governo acha que as manifestações são democráticas, tanto aquelas que são a favor quanto as que são contrárias. O que não aceitamos é o golpismo. As manifestações que ‘puxam’ o impeachment são contra a democracia”, cravou um aliado da presidente Dilma.

Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), as manifestações de ontem não mobilizaram o país e foram um fracasso de público. “Isso evidencia que a popularidade da presidente está no fundo do poço. Mas é bom para a democracia esse confronto de posições divergentes”, destacou.

Distribuição de dinheiro

Em um dos protestos, militantes ligados ao Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro NF) foram vistos recebendo notas de R$ 50 de um homem que vestia uma camisa laranja com o logotipo da entidade. O flagrante foi realizado por uma equipe de reportagem do jornal Folha de S.Paulo. Em São Paulo, uma repórter do jornal Valor Econômico viu pessoas recebendo R$ 35 para ficar com um balão da CUT nas mãos. Ônibus também levaram manifestantes do MST ao ato na Avenida Paulista.