O relator da CPI da Petrobras na Câmara, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), admitiu ontem que a convocação do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari, para prestar depoimento no colegiado é inevitável, e disse que ele próprio defenderá a ida do colega de partido ao colegiado. O requerimento deve ser aprovado na reunião de hoje da CPI. Antes mesmo de ter se tornado ontem réu na Justiça Federal, em decorrência das apurações da Operação Lava-Jato, Vaccari já vinha sofrendo um processo de fritura no partido, com lideranças defendendo o afastamento dele da legenda em conversas reservadas.

O Vaccari inevitavelmente virá à CPI, disse o relator, Luiz Sérgio, acrescentando que a própria bancada do partido defenderá a convocação dele. Para o petista, no entanto, o grupo deve seguir o cronograma estabelecido no plano de trabalho, ouvindo primeiro os empresários acusados de pagar as propinas e os operadores dos partidos no esquema, para só então chegar ao tesoureiro. O meu raciocínio é que, se a gente vai de diretor da Petrobras direto para tesoureiro do partido, estaremos pulando etapas, disse ele. Ontem, fontes ligadas à CPI informaram ainda que o depoimento do empresário Julio Faerman, representante da SBM Offshore no Brasil, não deve ocorrer esta semana. Marcada para amanhã, a oitiva terá de ser adiada porque o secretariado da CPI não está conseguindo localizar Faerman, que vive nos EUA atualmente.

O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), disse que a escolha da ordem dos depoimentos cabe ao relator e aos sub-relatores da comissão. Mas avisou que pretende pôr em votação o requerimento que convoca Vaccari. Essa priorização é feita pelo relator e pelos sub-relatores. A gente vai saber amanhã (hoje). Mas está na pauta o requerimento dele, viu?, disse. Hugo Motta também descartou convocar os tesoureiros de outros partidos acusados de participar do esquema, como o PP e o próprio PMDB, uma vez que ainda não há investigação formal contra eles. É fora do objeto, porque eles não foram citados nem nada. O que a gente tem que deixar muito claro é que a CPI precisa investigar aquilo que ela foi pautada para investigar, disse. Essa hipótese chegou a ser aventada por petistas ao longo da semana passada.

Na oposição, os depoimentos de Vaccari e do ex-ministro José Dirceu são considerados prioridade. Dirceu teria sido o responsável pela indicação do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, que viabilizaria o esquema em nome do PT. É um contrassenso. O tesoureiro é denunciado por corrupção, formação de quadrilha e por lavagem de dinheiro, e ele continua à frente da tesouraria. E enquanto isso o partido apresenta um pacote anticorrupção. Vamos ouvi-lo e o José Dirceu. Os próximos passos da CPI têm de estar voltados para isso. Eles devem ser ouvidos o quanto antes, disse o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP).