Título: Planalto fora do horizonte
Autor: Álvares, Débora
Fonte: Correio Braziliense, 30/07/2011, Política, p. 5

Lula diz que Dilma Rousseff será candidata à reeleição em 2014 e defende ministro

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou a intenção de se candidatar à Presidência da República em 2014. Ao falar, ontem, na Escola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro, ele destacou que a sucessora, Dilma Rousseff, é o nome natural do PT para permanecer no Palácio do Planalto no fim do atual mandato. "O Brasil tem uma candidata em 2014 chamada Dilma Rousseff. Ela é presidente do Brasil, vai fazer um governo extraordinário e só há uma possibilidade de ela não ser candidata, que é se ela não quiser", afirmou. Lula rebateu comentários de José Serra ao jornal espanhol El País, em que o tucano alegou que o ex-presidente nunca deixou de estar em campanha. "O Serra deveria falar sobre o PSDB. Não consegue resolver os problemas e vem falar do PT. É demais, não é?", ironizou Lula.

Segundo o principal representante do PT, sua contribuição ao país já foi dada. "Acho que a Dilma não está preocupada com isso, não (a hipótese de ser candidata em 2014). Ela está preocupada em trabalhar e mostrar sua competência", acrescentou Lula. Apesar do esforço, o discurso de apoio à presidente como candidata à reeleição pelo PT não convenceu a oposição, que continua a destacar a presença constante de Lula sobre os holofotes. "Todos os movimentos dele são de candidato e a frase deixa em aberta essa questão. Ele diz que a única hipótese de Dilma não ser candidata é ela não querer, mas não afirma não querer concorrer", analisou o deputado federal Jutahy Júnior (PSDB-BA). Para o parlamentar, o governo está envolvido em vários problemas, "dois deles já expostos", afirmou, referindo-se às crises na Casa Civil, que derrubou Antonio Palocci, e a do Ministério dos Transportes, que custou os cargos de 19 nomeados e do ministro Alfredo Nascimento.

Jobim Em seu discurso durante a manhã de ontem, Lula também falou sobre a declaração do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que admitiu ter votado em José Serra (PSDB) para presidente nas eleições do ano passado. "O Jobim não foi convidado para o meu governo por seus votos, mas pelo que ele poderia fazer no Ministério da Defesa. Pela sua competência e qualidade. Em quem ele votou, é irrelevante. Está cheio de gente que votou no Serra e não gosta mais dele ou que votou em mim e não gosta mais de mim", ponderou. Sobre os problemas enfrentados nos Transportes, o ex-presidente voltou a elogiar as decisões de Dilma. "O importante é que na medida em que haja uma denúncia, você investigue, apure. Se as denúncias forem verdadeiras, quem cometeu o erro paga. Se a pessoa for inocente, ela volta para o seu trabalho."

Depois de falar no Rio de Janeiro, Lula ainda cumpriu agenda em Brasília, ao lado de Dilma Rousseff e da presidente argentina, Cristina Kirchner. O trio participou da inauguração da nova sede da Embaixada da Argentina. Lula teceu elogios a ambas. "Dilma e Cristina vão fazer história na América do Sul e na América Latina. Essas duas mulheres, com sua formação de caráter e compromissos de luta que têm, vão deixar Kirchner e eu bem pequenos na história da Argentina e do Brasil", finalizou.