RIO - O advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, disse nesta quinta-feira, em encontro na Firjan, no Rio, que os acordos de leniência só poderão sair depois de definidos os valores a serem ressarcidos pelas empreiteiras da Lava-Jato, o que será feito pela própria Petrobras na divulgação do balanço financeiro. Em seguida, ele se reuniu com Luciano Coutinho, presidente do BNDES, para tratar do acesso ao crédito por essas 23 empresas investigadas. Segundo ele, a ideia é fazer um “resgate reputacional” dessas empreiteiras:

— O resgate reputacional permite que a empresa possa manter suas atividades. E isso também repercute no crédito positivamente. Minha conversa com o presidente Luciano tem a ver com um parecer que já emiti no passado, sobre a questão da continuidade de empréstimos com essas (empreiteiras) e grupos econômicos.

Adams afirmou que o valor do ressarcimento de cada empresa será definido pela própria Petrobras:

— Um ponto central que tem coibido o próprio pedido (de acordos de leniência) é o valor. Quanto afinal (a ser ressarcido)? O nosso entendimento é que o valor base vai ser estabelecido pela Petrobras definido em seu balanço. Os contratos vão ser apurados em cima desse valor global. Não aceitaremos ressarcimentos parciais.

CHEFE DA AGU NEGA ENVOLVIMENTO DE DILMA NA LAVA-JATO

O advogado-geral da União negou qualquer envolvimento da presidente Dilma Rousseff (PT) nas irregularidades investigadas, descartando, oficialmente, que o nome da petista esteja na lista entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF).

— A presidente nunca teve envolvimento em nenhum desses processos. Nunca apareceu nada da presidente Dilma — afirmou Adams.

Ao defender a celebração de acordos de leniência, ele disse que é essencial que haja o ressarcimento integral à Petrobras dos valores desviados por empresas, que sejam seguidas o cumprimento das normas reguladoras do setor, afastamento dos executivos envolvidos e monitoramento das atividades das empresas. Esse monitoramento seria feito, segundo Adams, através de um auditor de fora da Petrobras.

— Alguém capacitado, não necessariamente do governo, alguém independente com capacidade técnica para fazer esse monitoramento. Não quer dizer que sejam agentes do estado. Tem que ser alguém externo a essa relação da Petrobras com as empresas — disse.

Adams tem conversado com lideranças petistas e do PSB sobre os acordos para as empresas. Ele disse que foi apoiado pelos dois partidos e que se colocou à disposição de peemedebistas para discutir o assunto. Apesar das críticas do Ministério Público à celebração desses acordos na esfera administrativa, Adams defende que não há necessidade de fazer uma "escolha de Sofia" entre salvar a economia e combater a corrupção:

— Salvar a atividade econômica não é incompatível com combater a corrupção, não tem que se fazer essa escolha de Sofia.