Altas taxas de juros são um remédio amargo. E, sem dúvida, com efeitos colaterais negativos.

Mas pior seria se o Banco Central cruzasse os braços diante de pressões inflacionárias inevitáveis, decorrente, por exemplo, da atualização das tarifas de transportes públicos (demagogicamente represadas em 2013 e parte de 2014, a pretexto de se atender a reivindicações de manifestantes), do aumento do salário mínimo e da adequação dos preços da energia elétrica à realidade da crise hídrica que diminuiu significativamente o nível dos reservatórios, obrigando o país a acionar usinas térmicas caras por mais tempo do que seria o habitual. Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar tende a encarecer insumos importados.

A elevação das taxas básicas de juros em meio ponto percentual pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em momento que a economia se mostra debilitada parece ser uma contradição. No entanto, faz todo o sentido que as autoridades do Banco Central busquem criar uma barreira que evite a disseminação dessas pressões inflacionárias pelos vários segmentos da economia.

Como herança do passado de superinflação, o Brasil ainda mantém mecanismos de indexação que realimentam o processo inflacionário quando os índices de preços alcançam certo patamar. A meta de inflação tem como alvo principal 4,5%, porque se considera que nesse patamar os mecanismos de indexação não causam tantos problemas. Mas, quando a inflação se aproxima do teto (6,5%) da meta, o risco de disseminação se multiplica. Em janeiro, anualizada, bateu nos 7,14%, a mais elevada taxa desde setembro de 2011.

Os juros altos são um mal necessário, que se justificam especialmente no curto prazo. Mantidos por muito tempo, podem retrair não só consumo, mas também investimentos importantes para se ampliar a capacidade de produção e tornar a economia mais eficiente. O combate permanente à inflação depende de outros fatores, conjunturais e estruturais. O reequilíbrio das finanças públicas, por exemplo é fundamental para a inflação perder o fôlego. E tanto melhor que esse equilíbrio esteja calcado em mudanças estruturais (como as regras que o governo definiu para a pensão por morte do regime geral de previdência social).

Desse modo, a trajetória futura das taxas básicas de juros dependerá da política econômica como um todo. A resposta sobre se permanecerão em 12,75% ao ano, ou ultrapassarão esse nível, está no empenho que o governo mostrará, daqui para frente, no controle dos seus gastos e no alcance das metas de superávit primário (1,2% do PIB em 2015 e 2% em 2016) , pois só assim haverá uma reversão das expectativas que hoje apontam para um cenário de retração da economia e preços em ascensão.