A notícia da escolha do filósofo Renato Janine Ribeiro para o MEC foi recebida com alívio por educadores nas redes sociais. Isso se explica não apenas pelo fato de ser um intelectual respeitado, mas também por aparentemente afastar da pasta o risco de ser usada como moeda de troca partidária. Na bolsa de especulações de Brasília, o principal concorrente era o atual secretário municipal de educação de São Paulo, Gabriel Chalita, que contava com o lobby de Michel Temer, seu correligionário no PMDB. Entre Chalita e Janine, o contraste era gritante.

A vida de Janine no MEC não será fácil. A boa recepção ao seu nome poderá ser desfeita rapidamente diante de problemas imediatos e estruturais. Os imediatos são causados principalmente pelas restrições orçamentárias. Elas já haviam afetado o funcionamento das universidades federais e das particulares com alunos no Fies, mas agora começam a ser sentidas também em programas do ensino básico.

O novo ministro terá que resolver essas questões prementes sem descuidar dos objetivos de longo prazo, explicitados nas 20 metas do Plano Nacional de Educação.

Janine é professor da USP, foi diretor de avaliação da Capes, atuou na SBPC e tem entre seus livros - a maioria sobre ética e política - uma obra sobre o futuro da universidade. Conhece bem, portanto, a educação superior. Seu maior desafio, porém, estará na educação básica. Nesta área, terá que provar ser um gestor competente, capaz de mobilizar 5.570 secretários municipais e 27 estaduais no caminho da melhoria da qualidade do ensino. Quando as metas do Ideb, principal indicador do MEC, foram traçadas, a expectativa era de que a partir de agora aceleraríamos o ritmo de melhoria do aprendizado de alunos dos ensinos fundamental e médio. O resultado das últimas avaliações foram frustrantes.

No quinto ano da gestão Dilma, Janine será o quinto ministro da Educação. Não há mais margem para erro.