Bombardeada pela oposição devido ao escândalo de corrupção na Petrobras e ainda patinando em relação à articulação política no Congresso Nacional, a presidente Dilma Rousseff (PT) tenta, a partir desta semana, imprimir uma agenda positiva ao seu governo. No sábado, reuniu 13 ministros e dirigentes de bancos públicos para discutir um plano de investimento em infraestrutura para o país. É parte da estratégia para sair da paralisia que se abateu durante os 100 primeiros dias de governo. Hoje, por exemplo, a presidente sai da toca e vai até o município de Xanxerê, em Santa Catarina, para visitar desabrigados e avaliar os prejuízos, calculados em R$ 45 milhões. 

A presidente tenta mostrar que pode voltar a ter as rédeas do governo nas mãos. Na sexta-feira à noite o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou de Dilma iniciativas para reverter as críticas ao governo. 

No Congresso, o prato é indigesto. Além da CPI da Petrobras, que deve ouvir o ex-presidente do Complexo Químico do Rio de Janeiro (Comperj) Carvalho Vieira Vilho, existe uma disputa nos bastidores pela análise das medidas provisórias trabalhistas 664 e 665, que tratam das mudanças nas regras para acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários como seguro-desemprego e pensão por morte. 

Amanhã e quarta-feira, o ex-presidente de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e o dono da MO Consultoria, Waldomiro de Oliveira, vão ser interrogados pela Justiça Federal do Paraná. Existe a expectativa de que eles possam detalhar ainda mais o esquema de corrupção para irrigar campanhas políticas a partir do ex-tesoureito do PT, João Vaccari Neto. 

Na semana passada, o Palácio do Planalto foi atingido pelo depoimento do executivo da empresa Toyo Setal, Augusto Mendonça, um dos principais delatores do esquema criminoso de desvio bilionário de recursos da Petrobras. Ele atestou que o dinheiro sujo de propina mascarou doações eleitorais feitas dentro da lei. Informou que, após obter contratos na petroleira, pode ter pago até R$ 100 milhões em suborno ao partido da presidente da República. Comunicou também que, por orientação do ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque, esteve com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para repassar à legenda dinheiro destinado a campanhas políticas. 

Impeachment 
O governo ainda tenta segurar, nesta semanda, o ímpeto de oposicionistas em relação ao pedido de impeachment da presidente Dilma Roussef. Mesmo dividido, o PSDB levará novamente o assunto à Câmara. O que vou dizer ao Aécio é que na visão da bancada não tem mais o que aguardar. A Câmara é quem decide sobre a abertura do impeachment, então o protagonismo tem que ser da bancada da Câmara. Ela tem que tomar uma decisão e a decisão já foi tomada: o impeachment é cabível e não temos que aguardar mais nenhum parecer, declarou, na semana passada, o deputado Carlos Sampaio (SP), líder do PSDB. O ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso e o senador José Serra (PSDB-SP) já disseram que não era o momento adequado para pedir o impedimento da petista.