Na tentativa de atrair parceiros da iniciativa privada para a construção de obras que garantirão, entre outras coisas, gabinetes maiores aos deputados, a Câmara oferecerá a possibilidade de exploração comercial em suas dependências. A proposta divulgada oficialmente ontem diz que a parceria implicará na construção de três prédios, uma praça de serviços e a reforma de prédio de gabinetes já existentes. Como contrapartida, a Câmara permitirá que os interessados, por meio de concessão, ocupem e ganhem dinheiro com espaços de alimentação, bancos, companhias aéreas, livrarias, lojas e serviços diversos, além de aluguel de vagas de estacionamento. Os interessados também poderão usar o espaço - em locais e formatos definidos pela Casa - para fazer publicidade.

De acordo com o documento, as obras juntas terão ao todo 332.000 metros quadrados de área construída e 4.400 vagas de estacionamento. As obras que darão melhores condições de trabalho aos deputados, pessoas que trabalham na Casa e que circulam diariamente pelo local foram uma promessa de campanha do presidente eleito Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Há anos os que concorrem à vaga prometem tirar do papel a promessa de fazer gabinetes maiores e que acomodem todos os deputados, mas a promessa é sempre adiada.

Pelo documento, o prédio do Anexo IV, que abriga hoje 432 gabinetes, cada um com cerca de 40 metros quadrados, será reformado para ter 264 gabinetes de 60 metros quadrados cada. E outro prédio a ser construído, teria também 10 andares e 256 gabinetes, também com 60 metros quadrados.

Embora rechace a ideia de construção de um "shopping" no local, pela repercussão negativa que ganhou tal ideia, o primeiro secretário da Câmara, Beto Mansur (PP-SP), admite que o que será feito depende do interesse da iniciativa privada. O edital lançado ontem é uma etapa prévia a consolidação de uma Parceria Público Privada para a realização das obras.

O projeto também prevê a construção de um novo plenário com capacidade para 700 pessoas, que seria usado também como auditório. O plenário Ulysses Guimarães não acomoda os 513 deputados sentados. A Câmara tem recursos de R$ 300 milhões destinados para a realização de parte das obras, mas Mansur afirmou que a ideia é não usar esse dinheiro e ver, primeiro, se há interesse da iniciativa privada na parceria.

O impacto mínimo calculado pelos técnicos da Câmara para as obras é de R$ 1 bilhão.