Título: Exportador pode perder
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 28/07/2011, Economia, p. 12/13

Apesar das garantias dadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que os exportadores serão preservados das medidas anunciadas ontem para tentar conter a supervalorização do real, o secretário executivo da Pasta, Nelson Barbosa, admitiu que os empresários poderão, sim, ser punidos. Isso acontecerá quando eles aumentarem as operações com derivativos, com as quais fazem um seguro (hedge) para se protegerem de indesejáveis variações cambiais. "Algumas perdas (eles) terão", disse Barbosa. Mas, para ele, os custos serão pequenos e o governo monitorará os negócios para corrigir possíveis distorções.

Segundo Barbosa, o importante é que as medidas tomadas pela Fazenda evitarão o derretimento do dólar e, assim, aumentarão a rentabilidade dos exportadores. "É preciso ter uma visão mais ampla das ações do governo", assinalou. Para Mantega, o objetivo maior do governo ao taxar em até 25% as apostas na alta do real nos mercados futuros é punir apenas os especuladores. "O problema é quando os exportadores fazem o hedge para especulação. Esse será penalizado", frisou.

Bolsa desaba A reação na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) foi negativa, pois a instituição perderá receitas com a redução das operações de derivativos. O Ibovespa, índice que mede a lucratividade das ações mais negociadas no pregão paulista, registrou queda de 1,77%, para os 58.288 pontos. Os papéis da bolsa despencaram 5,75%."A BM&FBovespa sentirá ainda mais nos próximos dias, por possuir grande quantidade de derivativos cambiais", afirmou Ricardo Pinto Nogueira, diretor de Operações da Corretora Souza Barros.

No seu entender, em vez de ficar anunciando medidas com prazo curto de validade para conter a baixa do dólar, o governo deveria fazer um ajuste fiscal de boa qualidade, com corte de gastos, e não por meio do aumento de receitas. Com isso, o Banco Central poderia reduzir as taxas de juros o mais rápido possível. (VB)