É grande a expectativa dos investidores em torno da divulgação dos balanços da Petrobras referentes ao terceiro trimestre e ao ano de 2014. Os demonstrativos da estatal serão liberados hoje depois das 18h, com os mercados já fechados. O atraso na divulgação dos números se deveu à recusa da PricewaterhouseCoopers (PwC), empresa responsável pela auditoria, em assinar o relatório do terceiro trimestre sem que a estatal especificasse perdas provocadas pela corrupção descoberta pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. O mercado estima que os prejuízos com os desvios cheguem a R$ 28 bilhões.

Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o mercado estará particularmente atento aos valores do caixa da Petrobras, aos dividendos a serem pagos aos acionistas e aos planos de investimentos. “A grande surpresa será qual o montante das perdas atribuídas à corrupção, já que a metodologia de análise desse prejuízo é subjetiva. Já se falou em até R$ 88 bilhões”, disse. Segundo ele, a apresentação dos resultados auditados é obrigação da estatal como companhia de capital aberto, com ações no mercado. “O governo tem se vangloriando de que, a partir da divulgação, a empresa será resgatada e recuperada. Mas o balanço, na verdade, é um dever que deveria ter sido cumprido há meses”, assinalou.

Confiança
Às vésperas de a Petrobras revelar seus números ao mercado, o vice-presidente da República, Michel Temer, disse, em Lisboa, que confia na palavra da presidente Dilma Rousseff de que a petroleira está “limpa” da corrupção. No início de abril, a chefe do Executivo havia declarado: “A Petrobras limpou o que tinha de limpar. Tirou aqueles que se aproveitaram da suas posições para enriquecer os próprios bolsos. A empresa continua de pé”.

Durante evento em Nova York, na última segunda-feira, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ressaltou que a divulgação dos balanços é mais um passo na reconstrução da petroleira, e ressaltou a importância de o novo Conselho de Administração da Petrobras ser formado por menos indicações políticas e mais profissionais do mercado. 

A instituição na qual Levy trabalhou até ir para o governo, a Bradesco Asset Management, indicou duas pessoas para o Conselho da estatal: Eduardo Gentil, ex-diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e Otávio Yazbek, ex-diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Governo incentiva compra da TAP
O governo brasileiro está incentivando empresas brasileiras a participarem na privatização da companhia aérea portuguesa TAP. O vice-presidente da República, Michel Temer, já conversou sobre o assunto com representantes de empresas brasileiras, como Gol, TAM, Avianca, Azul. “Essa é uma questão privada, mas o objetivo é: se as empresas brasileiras puderem participar na TAP, sentir-se-ão em casa”, disse Temer, que reconhece a atuação da TAP para o turismo entre os dois países. Essa é a segunda tentativa de privatização da aérea. Em 2012, o governo português recusou a única proposta de compra, feita pela Synergy, do magnata sul-americano German Efromovich, que controla a Avianca. Os interessados têm até 15 de maio para apresentar propostas. A TAP encerrou 2014 com prejuízo de 46 milhões de euros.