Depois de o próprio Congresso ter inserido e aprovado o trecho da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que aumenta o Fundo Partidário, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticaram ontem a sanção da presidente Dilma Rousseff ao repasse maior. “Ela, sem dúvida nenhuma, escolheu a pior solução. Ela deveria ter vetado, como muitos pediram, porque aquilo foi aprovado no meio do Orçamento sem que houvesse debate suficiente”, disse Renan.

Já Eduardo Cunha disse que o aumento da reserva foi sancionado em um momento impróprio. “A sociedade reage quando você coloca mais recursos públicos dentro dos partidos. A sociedade não quer isso”, afirmou Cunha, acrescentando que era contrário ao repasse maior. “Não éramos favoráveis a isso e entendemos que é um bom momento para se debater, já que a gente vai votar a reforma política”, comentou.

O líder do PT, Humberto Costa (PT-PE), rebateu as críticas. “É importante dizer que não foi a presidente Dilma que definiu esse valor. Isso foi definido no Congresso por unanimidade. Inclusive me chama atenção o fato de alguns parlamentares se colocarem agora contra aquela decisão tendo concordado com a definição.” Segundo o petista, se o Congresso está, realmente, interessado em contribuir com o repasse, deveria abrir mão das emendas parlamentares.

Além dos dois presidentes, alguns parlamentares reclamaram da sanção. “Até entendo as razões políticas, mas não é possível que, na hora desta crise, tenhamos aberto um espaço para que essa concessão fosse feita. Começou, agora, claramente, o financiamento público de campanhas. Percebi nas declarações de algumas lideranças partidárias exatamente isso: é preferível o financiamento com orçamento público à participação das empresas privadas”, disse Ana Amélia (PP-RS), em referência à defesa do PT pelo financiamento público como reação aos escândalos de corrupção.

Walter Pinheiro (PT-BA) disse que a presidente Dilma pode “emitir uma medida provisória alterando esse artigo da lei, agora lei orçamentária, fazendo exatamente a modificação”. Blairo Maggi (PR-MT) afirmou que o aumento foi de “mau tom”, especialmente por ser em um momento no qual “o governo pede para se fazer um arrocho”. O parlamentar disse ainda que “o governo nem tem recursos para fazer frente aos serviços já contratados no passado ou já realizados, que têm de ser pagos”.