Contrário à iniciativa do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso considerou ser uma “precipitação” a iniciativa de partidos políticos de abrirem um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT). Após participar de um seminário do 14º Fórum de Comandatuba, no Sul da Bahia, o ex-presidente se demonstrou contrário à tentativa da própria legenda, que encomendou pareceres de juristas sobre a viabilidade de um impedimento.


“Impeachment não pode ser tese. Ou houve razão objetiva ou não houve razão objetiva. E quem diz se é objetiva ou não é a Justiça, a polícia, o Tribunal de Contas. Os partidos não podem se antecipar a tudo isso, não faz sentido”, disse o ex-presidente. “Você não pode fazê-lo fora das regras da democracia, tem que esperar essas regras serem cumpridas. Qualquer outra coisa é precipitação”, declarou, sem entrar no mérito de a própria legenda pretender ingressar com o processo de impeachment.

Mesmo diante de políticos e empresários no 14º Fórum, os principais dirigentes da Câmara e do Senado não pouparam críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff e à atuação petista no Congresso. “Nunca existiu sob o PT um presidencialismo de coalizão. Sempre houve um processo de submissão: ou você concordava em estar submisso ou você não era um aliado. Se houvesse uma coalizão, as crises políticas não existiriam ou seriam muito mais facilmente contornadas”, alfinetou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).


O vice-presidente do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que discursou em nome do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), enfatizou que o Congresso deve tomar as rédeas da economia. “O Brasil é maior que o governo e é maior que qualquer crise. Estamos trabalhando hoje em harmonia, Senado e Câmara. Vamos ser a vanguarda daquilo que precisa mudar o país. O Congresso se acostumou a ser puxado pelo Executivo, mas isso não vai mais acontecer”, criticou Jucá.


Na última sexta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou palestra para funcionários da fábrica da cervejaria Itaipava, em Itapissuma, para defender a Petrobras e condenar o sentimento de pessimismo no Brasil. "A Petrobras não acabou. As ações estão se valorizando. E o país não vai acabar, não. Os brasileiros têm noção do quão forte ele é. Se alguém roubou a Petrobras, que prendam quem roubou. Para isto tem a Justiça”, afirmou o líder petista.