RIO - Analistas da economia brasileira há décadas, o economista-chefe do Credit Suisse Brasil, Nilson Teixeira, e o economista-chefe para América Latina do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, já consideram a possibilidade de uma retração do Produto Interno Bruto (PIB) de até 2% este ano. Caso confirmadas as projeções, o país teria o pior desempenho em um quarto de século, desde 1990, ano do confisco da poupança e do Plano Collor.

Carvalho e Teixeira estão na ponta extrema de uma onda de pessimismo que já faz com que a média do mercado espere um recuo de 0,5% da economia em 2015. O GLOBO foi ouvi-los para saber por quê. O risco de racionamento de energia é um dos fatores que ajudaram a deteriorar o cenário do ano, mas o baixo nível de confiança de empresários e consumidores, a inflação acima dos 7,5% — que obriga a elevação da taxa de juros — e os desdobramentos da operação Lava-Jato são outras influências.

Apesar do tombo esperado para a economia, ambos afirmam que é dever do Banco Central elevar a taxa de juros para conter as expectativas de inflação. Eles avaliam que cabe ao governo perseguir um ajuste fiscal que leve à redução do endividamento e à retomada da capacidade de crescimento, além de evitar um rebaixamento da avaliação de crédito pelas agências de risco.