procurador-geral da RepúblicaRodrigo Janot, afirmou nesta quarta-feira que deve ser concedida a prorrogação dos prazos para as investigações pela Polícia Federal (PF) sobre os políticos envolvidos na Operação Lava-Jato com inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). Desde segunda-feira (13), a PF vem requisitando ao STF mais prazo, originalmente de 30 dias, para a realização das diligências que começaram a ser feitas a partir de 6 de março, quando o ministro Teori Zavascki autorizou a abertura de inquéritos para investigar suspeitos de envolvimento nos crimes.

Para que haja uma extensão nos prazos de investigação, a Procuradoria-Geral da República (PGR), que conduz as investigações com a Polícia Federal, deve se pronunciar ao Supremo pedindo mais tempo. De acordo com Janot, “é muito comum que a polícia peça um aumento no prazo”. “O regimento interno do STF prevê prorrogação de até 60 dias. Estamos avaliando esse prazo, mas a tendência é de que seja concedido”, afirmou Janot.

O procurador-geral afirma que as investigações acerca da Lava-Jato estão sendo cumpridas “a contento, caminhando para a elucidação”. Janot, no entanto, preferiu não estimar um prazo para que esta etapa do processo seja concluída. “As investigações ainda devem demorar, e é possível que ultrapassem mesmo a prorrogação de 60 dias”, informou.

Perguntado sobre os desdobramentos da 12ª fase, que levou o tesoureiro do PT, João Vaccari Netto, à prisão, ontem, o procurador-geral não se pronunciou. “Essa questão não tramita em equipe de minha direção. A pergunta tem que ser feita à equipe de Curitiba”, afirmou.

Anaconda
As informações foram dadas pelo procurador-geral da República durante evento realizado para celebrar o repatriamento de R$ 60 milhões que estavam em juízo na Suíça, relativos a desvios de dinheiro descobertos durante a Operação Anaconda, deflagrada pela Polícia Federal em 2003. A investigação desmantelou uma organização criminosa especializada na venda de sentenças judiciais e levou à cadeia o ex-juiz federal João Carlos de Rocha Mattos, de São Paulo.

De acordo com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, esta é, no Brasil, a primeira sentença de repatriamento de recursos a partir de uma decisão com trânsito em julgado — quando se esgotam as possibilidades de recursos. Cardozo também anunciou que o Brasil já conseguiu restituir R$ 500 milhões em processos de repatriamento de recursos cujas sentenças foram realizadas no exterior, e que ainda estão bloqueados R$ 2 bilhões, a serem recuperados.