A presidente Dilma Rousseff e o presidente Barack Obama vão se encontrar no sábado durante a Cúpula das Américas, na Cidade do Panamá, numa conversa em que poderão acertar o passo na relação entre os dois países, tratando da visita que a presidente brasileira deve fazer a Washington ainda neste ano. Assuntos como comércio, investimento, energia e defesa deverão estar na pauta, além de temas regionais, como a situação da Venezuela e aproximação dos Estados Unidos com Cuba, e globais, como os acontecimentos no Oriente Médio e na Ásia.

O governo brasileiro informa que haverá uma reunião bilateral no sábado entre os dois presidentes, enquanto a Casa Branca diz que o único encontro bilateral formal na Cúpula será com o presidente do Panamá, Juan Carlos Varela. "Nós esperamos que haja interações entre o presidente e vários líderes, e certamente a presidente Dilma Rousseff é um dos com quem ele espera ter uma oportunidade para conversar", afirmou ontem Ricardo Zuñiga, assessor especial de Obama e diretor-sênior para assuntos do Hemisfério Ocidental do governo americano.

"Os dois lados pediram, o interesse era mútuo para que esse encontro pudesse ocorrer, e essa oportunidade poderá permitir que essa reunião aconteça", disse o chefe do Departamento dos Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos, do Ministério das Relações Exteriores, Paulino Franco de Carvalho Neto.

Apesar das diferenças na classificação do encontro, a expectativa é que os dois terão uma conversa mais longa, discutindo temas e talvez a data para a viagem de Dilma aos EUA neste ano. Em 2013, ela adiou visita de Estado marcada para outubro daquele ano, por causa das denúncias de que havia sido espionada pelo governo americano.

Isso causou um esfriamento nas relações, que voltaram a melhorar em 2014, o que fez Obama renovar o convite para Dilma ir aos EUA. Se quisesse uma visita de Estado, um evento mais formal, teria que esperar até 2016, já que há dois encontros desse tipo neste ano, com líderes do Japão e China. A presidente brasileira optou então por uma viagem de trabalho em 2015.

Um dos obstáculos para confirmar a viagem de Dilma é acertar uma agenda mais substantiva. Para o presidente do Diálogo Interamericano, Michael Shifter, é possível que haja avanços mais concretos em áreas como investimento e comércio. Ele acha positivo que o encontro ocorra neste ano, ainda que não seja uma visita de Estado. Para Dilma, que enfrenta uma situação difícil no Brasil, a visita aos EUA é uma notícia favorável, avalia Shifter.

Temas mais ambiciosos não devem fazer parte da agenda, como um tratado que evite a bitributação entre os países. Avanços na facilitação de comércio e cooperação em áreas como energia, defesa e educação parecem mais factíveis.

Segundo Zuñiga, Dilma e Obama deverão falar sobre assuntos como comércio, segurança e cooperação de defesa. Questionado se a Venezuela faria parte da conversa, Zuñiga disse que "certamente" eles vão tratar de temas da região, devendo abordar a situação do país. Outras questões regionais devem ser a situação da América Central e como o engajamento americano com Cuba altera a relação dos EUA com as Américas. Na sexta-feira, Dilma e Obama terão outra oportunidade para interagir, ao participar de sessão na Cúpula de CEOs, da qual também farão parte Varela e o presidente do México, Enrique Peña Nieto.

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