Os protestos contra a decisão da Casa Branca de retirar Cuba da lista dos países que patrocinam o terrorismo podem complicar a situação de alguns dos presidenciáveis da oposição republicana identificados com a ala mais conservadora do partido. Um dia depois de criticarem a iniciativa do presidente Barack Obama, alguns dos políticos que aspiram à candidatura presidencial na eleição de 2016 contiveram os argumentos, deixando em aberto se vão ou não tentar impedir o sinal verde de Obama para a normalização de relações com Havana. À medida que a exclusão do país da lista de patrocinadores do terrorismo torna a ilha caribenha mais atrativa para investimentos estrangeiros, crescem as expectativas de que o Congresso comece a analisar também a suspensão do embargo econômico vigente há meio século. 

Embora os republicanos tenham vociferado contra a remoção de Cuba da lista e prometido bloquear no Congresso o alívio das sanções, a possibilidade de a oposição tentar boicotar a incitava presidencial é considerada improvável. Na terça-feira, Obama encaminhou mensagem ao Congresso comunicando a intenção de rever a classificação da ilha. Para obstruir a medida, os republicanos precisariam aprovar em até 45 dias um bloqueio ao pedido da Casa Branca o que exige dois terços dos votos no Senado e na Câmara dos Deputados. 

Em meio aos preparativos para as eleições internas em que os partidos definirão seus candidatos, a movimentação e o discurso dos republicanos sobre o tema ainda deve ser influenciada pela opinião pública e pelo posicionamento de setores empresariais. Alguns dos grupos mais influentes no mundo dos negócios louvaram a decisão de Obama. Segundo a rede de tevê CNN, a Câmara de Comércio dos EUA considerou que os avanços recentes no restabelecimento de relações permitiriam o florescimento da livre iniciativa em Cuba. 

Na Flórida, estado com o maior número de latinos conservadores e dissidentes cubanos, o CEO da Grande Câmara de Comércio de Tampa, Bob Rohrlack, manifestou apoio às negociações entre Washington e Havana. Ele lamentou a teimosia de alguns setores sobre a questão. 

Pré-candidatos 
Dos republicanos que já oficializaram a pré-candidatura à Presidência, a campanha do senador Marco Rúbio, eleito pela Flórida e conhecido pelo discurso anticastrista, deve ser pressionada pelo cenário. Ainda na noite de terça-feira, Rúbio considerou um erro terrível a retirada de Cuba da lista de apoiadores do terrorismo. 

Embora uma pesquisa elaborada pela consultoria Bendixen & Amandi International mostre que 49% dos moradores da Flórida são contra o reatamento de relações 41% são favoráveis e 10% estão indecisos , o apoio em nível nacional é de 69%. Outra sondagem, conduzida pelo instituto Marist em parceria com as redes de tevê MSNBC e Telemundo, aponta que 59% dos americanos apoiam a reaproximação. 

O senador texano Ted Cruz, também pré-candidato, considerou que Cuba deve comprovar sua disposição de mudar o comportamento antes de os EUA tomarem qualquer ação sobre a lista do terrorismo. Jeb Bush, ex-governador da Flórida, cuja candidatura às primárias é tida como praticamente certa, acusou Obama de acolher o ditador opressor de Cuba (Raúl Castro). 

Em Havana o anúncio da Casa Branca foi recebido com satisfação. A chefe da divisão para os EUA na chancelaria cubana, Josefina Vidal Ferreiro, considerou justa a decisão americana e ressaltou que seu país rechaça e condena todos os atos de terrorismo em todas as suas formas e manifestações.