Na estreia como articulador político do Palácio do Planalto, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), deu direcionamento ao governo. Garantiu pacto com líderes partidários para apoiar o ajuste das contas, anunciou o preenchimento de cargos do segundo escalão com o objetivo de acalmar os ânimos da base aliada e, de quebra, emplacou o peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN) na Esplanada, em uma pasta ainda ser definida. Politicamente, fez o que a presidente Dilma Rousseff (PT) não conseguiu realizar em 100 dias de gestão. Na Câmara, o PMDB continua indomável e lidera movimento para impor derrota ao governo federal.

Ontem, a legenda evidenciou a independência em relação à gestão petista ao argumentar, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ ) da Casa, favoravelmente à admissibilidade da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 299/13, de autoria do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que reduz de 39 para 20 o número de ministérios. Por falta de quórum, a votação acabou não sendo realizada. O tema volta a ser debatido na manhã de hoje.

No primeiro dia à frente da articulação política do governo, Temer conseguiu que os líderes partidários assinassem um documento em que se comprometem a apoiar o ajuste fiscal e evitar matérias que impliquem aumento de gastos ou na redução de receitas.

“Trouxe um documento para que assinassem no sentido de que as medidas do ajuste fiscal econômico seriam naturalmente examinadas, eventualmente ajustadas pelo Congresso e, portanto, nada que porte despesa ou redução das receitas seria neste momento examinado. Todos assinaram”, disse. O vice-presidente da República conversou com os parlamentares até a madrugada de ontem para evitar a votação da pauta-bomba.

O documento destaca a necessidade da retomada do crescimento econômico. “Os primeiros passos para a retomada do crescimento são promover o reequilíbrio das contas públicas e trazer a inflação para o centro da meta, de forma a proporcionar tranquilidade aos trabalhadores e estimular a confiança necessária para o investimento.” 

“Diálogo sólido”
Sobre a relação conflituosa entre PT e PMDB, Temer disse acreditar que as arestas entre os partidos serão aparadas. “Não exatamente porque eu assumi. Mas a tendência natural é essa. Estamos há três meses no governo, houve muitas conversações. O diálogo continua muito sólido. Eu tenho enfatizado que o Executivo só pode governar se tiver apoio do Congresso, no sentido político e legislativo. E estão todos de acordo com isso”, avaliou.

Em relação a críticas de parlamentares ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, o peemedebista destacou que continuará com as funções administrativas e participará das negociações. “Mas o governo é uma unidade, todos colaboram entre si, inclusive o Mercadante.”