Rodrigo Rollemberg abriu o diálogo com adversários do passado e do presente. Com uma base fraca de apoio na Câmara Legislativa, o governador do DF tem negociado uma aproximação com petistas, inimigos da campanha e dos primeiros meses de gestão. Ele também tem rendido homenagens ao ex-governador Joaquim Roriz (PRTB), com quem manteve uma relação de oposição ao longo dos mandatos que exerceu no Legislativo. ...

 

Durante assinatura de acordo com o governo de Goiás para melhorias no abastecimento de água da região, a única parlamentar presente era Liliane Roriz (PRTB), discípula do pai. “Temos que fazer justiça e lembrar o Roriz, que há muitos anos viu a importância de construir essa represa”, elogiou Rollemberg, referindo-se a um dos empreendimentos mais criticados pela oposição a Roriz. ...

 

Vice-presidente da Câmara, Liliane foi a única parlamentar com direito a voz no evento. Há dois meses, ela articulou uma visita de Rollemberg ao pai, na casa da família no Park Way. Roriz, por sua vez, já manifestou intenção em retribuir o encontro, com uma visita ao governador no Palácio do Buriti. 

 

Ao mesmo tempo, depois de três anos distante, o PSB quer reaproximação com o PT. O diretório regional do partido do ex-governador Agnelo Queiroz fará um encontro amanhã para discutir a postura em relação ao governo Rollemberg. Passados seis meses das eleições, quando ambas as siglas protagonizaram duros embates, a poeira baixou e movimentos internos do PT defendem a adesão ao GDF. 

 

Nos bastidores, fala-se que secretarias e outros cargos estão na mesa de negociação — até a indicação de Wasny de Roure para o Tribunal de Contas do DF pode entrar nas conversas, se depender da intenção do grupo do ex-presidente da Câmara e do primeiro suplente petista, Cláudio Abrantes. O presidente do partido no DF, Roberto Policarpo, que antes criticava sem meias palavras o governo Rollemberg, agora trata o adversário de forma amistosa. “Nós estamos diante de um governo do PSB, de quem sempre fomos próximos. Sempre estiveram conosco”, lembra.

 

Base

No Palácio do Buriti, o namoro com o PT é bem visto por alguns, que veem na aliança uma forma de consolidar a base do governo na Câmara Legislativa e ajudar na relação do GDF com sindicatos e movimentos sociais comandados pelos petistas. Outros, no entanto, acham que o ônus seria maior que o bônus, pois a legenda acabou de sofrer uma derrota histórica com a candidatura de Agnelo Queiroz. O secretário da Casa Civil, Hélio Doyle, afirma que o governo mantém diálogo, mas nega qualquer negociação. “O governador já recebeu os quatro parlamentares petistas para conversar sobre Brasília. Mas nunca foi falado absolutamente nada a respeito de apoio, cargos ou algo do tipo”, garante. 

 

A relação com o PT passa pelos interesses do DF com os recursos da União. Policarpo avisa que uma possível proximidade com o PSB local dependeria da relação dos socialistas com a presidente Dilma Rousseff (PT). “Se eles nos convidassem para fazer parte do governo, colocaríamos como premissa de qualquer conversa a sustentação à gestão da mandatária da República”, diz.

 

Isso, porém, Rollemberg já tem feito. Nas últimas semanas, a oposição do Palácio do Planalto recolheu assinaturas para a abrir a CPI dos fundos de pensão. Quando chegou ao número de apoios suficientes, porém, os senadores do PSB retiraram as assinaturas e evitaram a abertura da comissão. Isso porque, na quarta-feira, Rollemberg almoçou com o chefe da Casa Civil da Presidência, Aloizio Mercadante, e os cinco senadores socialistas da Casa. No encontro, foram acordados o recuo dos parlamentares e uma maior ajuda do governo federal à capital.