O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos principais integrantes do esquema bilionário de corrupção na estatal, revelou que o deputado federal Simão Sessim (PP-RJ), um dos 50 políticos investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), foi “um dos poucos que agradeceu” a propina recebida a título de doação eleitoral. Em depoimento, filmado pelos procuradores da República no início de fevereiro, Costa revelou que, em 2010, recebeu o parlamentar na petroleira. De acordo com o delator, o deputado foi direto ao assunto e pediu R$ 200 mil. O ex-diretor contou que entrou em contato com o doleiro Alberto Youssef e a solicitação foi prontamente atendida.

No encontro ocorrido na Petrobras, Sessim, segundo informou Costa, estava sozinho. “Ele falou: ‘Paulo, queria que você pudesse me ajudar para a minha campanha’. Falei: ‘Depende, né? Qual é o valor que você está precisando?’. ‘O que você puder ajudar, talvez R$ 200 mil e tal’. ‘Tá bom, acho que dá para ajudar’. Pedi para o Youssef operacionalizar. Depois agradeceu, quer dizer que ele recebeu”, relatou. 

O ex-diretor afirmou que não sabe como o doleiro efetuou o pagamento. O agradecimento, de acordo com o relato de Paulo Roberto Costa, ocorreu meses depois, durante um evento social. O ex-executivo da estatal informou que não era normal os políticos agradecerem as “doações” providenciadas pelo esquema criminoso.

No depoimento, Costa diz acreditar que o dinheiro seria para campanha dele ou do filho do deputado, Sérgio Sampaio Sessim. “Ele é de Nilópolis. Os parentes dele são “os donos” da Beija-Flor. Ele foi uma vez presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara. Eu fiquei conhecendo mais ele nesse momento, em que estava sendo discutida uma regulamentação do setor de combustíveis. Ele me chamou para participar desse processo, para dar uma palestra. Fiquei conhecendo ele lá nesse momento, quando ele estava nessa função de presidente interino da Comissão de Minas e Energia da Câmara”, declarou.

O Correio tentou entrar em contato com Simão Sessim. No entanto, até o fechamento desta edição, não conseguiu localizá-lo para comentar o assunto. O deputado está exercendo o décimo mandato consecutivo. Filiado ao PP desde 2003, foi reeleito na última eleição com 58.825 votos.


O PP, ao lado do PMDB e do PT, é um dos partidos beneficiados com o esquema de financiamento eleitoral com dinheiro sujo delatado por Costa durante os desdobramentos da Operação Lava-Jato. De acordo com Costa e Youssef, os cofres destas legendas eram abastecidos com propina cobrada de fornecedores da estatal. O suborno variava entre 1% e 3% do valor total do contrato. Grande parte dos recursos eram depositados em contas abertas fora do Brasil.