discussão sobre um dos vetos presidenciais analisados pelo Congresso na noite de quarta-feira opôs o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.O titular da equipe econômica colocou sua permanência no governo em jogo caso a decisão da presidente Dilma Rousseff sobre subsídios do setor elétrico fosse revista. 
Por dois votos, Levy ganhou a queda de braço contra Renan e o PMDB. Votaram pela derrubada do veto 39 senadores, 2 a menos que o mínimo de 41 exigido. Outros 37 parlamentares foram favoráveis à decisão de Dilma, que barrou a prorrogação até 2042 do fornecimento de eletricidade subsidiada a grandes empresas do Nordeste, medida válida até o próximo 30 de junho. Na manhã de ontem, o Broadcast, serviço de notícia sem tempo real da Agência Estado, revelou o desabafo de Levy e a articulação política do governo para que o veto fosse mantido e,
comisso, o Congresso não comprometesse o ajuste fiscal nem a permanência do ministro da Fazenda. A informação, associada a notícias de um suposto adiamento da publicação do balanço da Petrobrás, fizeram a Bovespa cair 2% durante a tarde – o índice encerrou o dia em baixa de 0,58%. Ligações. 
Para que o governo não sofresse mais uma derrota no Congresso, os ministros Eduardo Braga (Minas e Energia) e Pepe Vargas (Relações Institucionais)deram telefonemas “desesperados” a senadores. Foram procurados Simone Tebet (PMDB-MS), Valdir Raupp (PMDB-RO), Waldemir Moka (PMDB-MS), Garibaldi Alves(PMDB-RN),Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e Acyr Gurgacz (PDT-RO). A todo, os ministros lembraram que a Câmara havia derrubado o veto pouco antes e que, se o mesmo ocorresse no Senado, o ajuste ficaria comprometido e Levy iria embora do governo. O empenho de Renan pela derrubada do veto levou-o ao gabinete do presidente da Câmara, EduardoCunha(PMDB-RJ), acompanhado do senador Fernando Collor (PTB-AL). Renan sugeriu a Cunha queencerrasse a sessão da Câmara que estava suspensa, pois pretendia tocar os trabalhos do Congresso pelo tempo necessário para a votação do veto sobre o subsídio. 
Cunha então encerrou a sessão. A movimentação era tamanha que havia certeza de nova derrota para o Planalto. Tanto que o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), fez um apelo ao PT no Senado para que liberasse seus integrantes a votarem contra o governo. “A coisa está se encaminhando de tal maneira que os senadores do PT serão mostrados para a população como se fossem contrários ao Nordeste”, disse Guimarães. Antes dele, Collor havia subido à tribuna para defender o subsídio. “As empresas que serão prejudicadas empregam 120 mil trabalhadores no Nordeste.
É necessário que todos nós tenhamos consciência sobre o que passa o sofrido povo nordestino. Haverá insegurança social sempre cedentes no Nordeste se o veto não for derrubado.” Como o líder do PMDB,Eunício Oliveira (CE), não havia orientado a bancada sobre como votar, vários deles ajudaram o governo. A votação de vetos é secreta. Derrotado, Renan prometeu que a partir de agora, quando houver vetos, a palavra final será do Congresso. A sessão foi encerrada com todos os vetos presidenciais mantidos.