Apesar das medidas tomadas para retomar a popularidade da presidente Dilma Rousseff, a análise sobre o governo segue em baixa. Somente 12% da população avaliam como bom ou ótimo, segundo pesquisa feita pelo Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada ontem. É uma queda de 28 pontos percentuais em relação ao último levantamento, de dezembro do ano passado, quando a avaliação estava em 40%. No mesmo período, o índice de pessoas que consideram o governo ruim ou péssimo pulou de 27% para 64%. Outros 23% o acham regular.

É a pior avaliação de um governo registrada pelo Ibope, de acordo com série histórica que começa no primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1995. A pior análise desde então foi de 16%, registrada no meio do primeiro ano do segundo mandato de FHC. O dado sobre a reprovação de Dilma é reforçado pela falta de confiança na presidente, o que foi atestada por 74% dos entrevistados na CNI-Ibope.

A aprovação da presidente é pior entre os mais jovens. Dos entrevistados entre 25 e 34 anos, somente 8% avaliam o governo como ótimo ou bom. A maior aprovação é de 27% e está entre os entrevistados de 55 anos ou mais. Outro dado é que, para 76% da população, o segundo mandato está sendo pior que o primeiro, índice ainda maior na Região Sul, onde 85% da pessoas disseram que o governo piorou. A avaliação positiva da maneira de governar da presidente também caiu 33 pontos percentuais e chegou a 19%.

A queda na aprovação é registrada, inclusive, entre os eleitores do PT nas últimas eleições. Dos que votaram em Dilma, caiu de 63% para 22% o índice dos que consideram o governo ótimo ou bom. Já entre os que votaram em Aécio, o índice desceu de 12% para 2%. O decréscimo também é observado em todas as áreas de atuação do governo. Dos entrevistados, 89% desaprovam as taxas de juros e 90% rejeitam os impostos. A melhor avaliação é em relação ao meio ambiente, desaprovada por 66% das pessoas. “O que explica essa queda forte são os eleitores da Dilma que no quadro atual de inflação, medidas de ajuste, desemprego aumentando, geraram essa insatisfação”, avaliou o gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca. 

Avaliação
A pesquisa foi feita entre 21 a 25 de março, com 2.002 entrevistas em 142 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Os índices se assemelham a outros estudos divulgados neste início de ano. A oposição aproveitou o embalo da pesquisa para criticar o governo. “A presidente Dilma está colhendo os frutos das mentiras que plantou durante a campanha e das que disseminou por meio da propaganda maciça feita pelo seu governo às custas dos contribuintes”, disse, em nota, o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (SP).

O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disse que a pesquisa é uma “fotografia”, que mudará ao longo do governo. “É uma fotografia que exige do governo mais trabalho, mais atenção, e especialmente, um caminho sólido para retomada do crescimento.” Mercadante reforçou que a forma de retomar o crescimento é por meio do ajuste fiscal e disse que o câmbio desvalorizado também ajudará a trazer “efetividade” e “eficiência”.