Além de uma possível redução do número de sondas a serem entregues pela Sete Brasil, a Petrobras vem convivendo também com um enxugamento de sua atual frota de unidades de perfuração. Com a decisão da Schahin de suspender a operação de cinco sondas contratadas pela estatal, já são sete as unidades que deixaram de perfurar para a petroleira neste início de ano, o que reforça as perspectivas de redução no ritmo das perfurações em 2015 e de limitação da capacidade da empresa de aumentar sua produção nos próximos anos.

As sondas são embarcações essenciais para a perfuração de poços, tanto exploratórios quanto de desenvolvimento da produção. Junto com as 35 novas plataformas de produção previstas para entrar em operação até 2020, as 28 unidades de perfuração contratadas à Sete Brasil são essenciais para sustentar o plano da Petrobras de dobrar sua produção no período, para 4,2 milhões de barris/dia.

"[A deterioração dos fornecedores] É um aspecto negativo, porque pode mexer com a produção e com a possibilidade de melhora econômica da empresa", avalia analista da Coinvalores, Bruno Piagentini.

Quando contratou as sondas da Sete, a Petrobras planejava, aos poucos, substituir parte de sua frota e sustentar o crescimento da produção no pré-sal, já que muitas das antigas sondas não estavam aptas a perfurar em grandes profundidades. Com a interrupção das sondas da Schahin, a petroleira deixa de contar com unidades aptas a perfurar no pré-sal, num momento em que convive com as incertezas em torno da Sete Brasil. É o caso das sondas Cerrado e Sertão, que vinham operando nos últimos meses no campo de Libra.

Além das embarcações da Schahin, a carteira de sondas da Petrobras deve perder também as unidades West Eminence, da Seadrill, e a Ocean Baroness, da Diamond Offshore, cujos contratos vencem no segundo semestre e não serão renovados. Em março, já haviam sido encerrados os contratos da West Taurus, da Seadrill, e Pacific Mistral, da Pacific Drilling.

Apesar do enxugamento da frota de sondas da Petrobras, que caminha para cair para abaixo de 60 unidades, a petroleira não tem indicado qualquer sinalização de que irá repor no curto prazo as sondas que deixarão de operar, segundo um executivo de uma fornecedora de sondas.

No fim do ano passado, por exemplo, a petroleira abriu duas concorrências para afretamento de novas sondas, mas já postergou a licitação três vezes desde dezembro. A entrega das propostas foi remarcada para maio, mas a expectativa no mercado é que a petroleira deve novamente adiar a contratação, enquanto não revisa seu plano de negócios.

"A Petrobras paralisou [as licitações]. Se não tem dinheiro, corta-se", disse a fonte, que garantiu que a estatal vem honrando com seus compromissos normalmente. Segundo o consultor David Zylbersztajn, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Petrobras tem uma frota grande o suficiente para remanejar em seus poços, mas o enxugamento tem suas limitações.

"Nem sempre uma sonda que opera num poço é adaptável às condições de operação de outro. O transporte de uma sonda de uma locação a outra também não é uma operação rápida", afirma Zylbersztajn.