Servidores federais não poderão incorporar ganhos extras com cargos comissionados

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram por maioria acatar um recurso apresentado pela União que proíbe que servidores públicos incorporem ao salário o pagamento de adicionais por exercício de cargos de direção e assessoria. Com a decisão, o Ministério do Planejamento estima uma economia de até R$ 25 bilhões aos cofres públicos.

 

 

A União entrou com recurso no STF por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), contra um acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que admitia que servidores efetivos que ocupassem cargos comissionados ou funções gratificadas tivessem direito a acréscimo de um quinto ou um décimo de salário a cada ano de exercício da função até dobrar o valor recebido.

 

 

 

Gilmar Mendes foi o relator da ação que vai fazer a União deixar de pagar até R$ 25 bi a servidores federais

Gilmar Mendes foi o relator da ação que vai fazer a União deixar de pagar até R$ 25 bi a servidores federais

 

Na ação, a AGU argumentou que a concessão de parcelas adicionais já havia sido proibida por uma medida provisória de 1997, que foi convertida em lei no ano seguinte. Mesmo com a proibição, diversos servidores entraram com ações na Justiça reivindicando o direito de receber os acréscimos no período compreendido entre 1998 e a publicação de uma outra MP, editada em 2001, que deu garantia aos servidores que já haviam recebido esses valores no passado. Segundo a AGU, as ações tentavam utilizar medidas provisórias que apenas regulamentavam o pagamento dos adicionais já concedidos para tentar recriar o benefício.

 

 

O relator da matéria, ministro Gilmar Mendes, votou pela aprovação do recurso. "A concessão de vantagens a servidores somente pode ocorrer mediante lei. Não há, no ordenamento jurídico, norma que permite essa ressurreição provocada pela decisão recorrida. Por isso, a meu ver, é inequívoca e flagrante a violação ao princípio da legalidade." Ele foi seguido pelos ministros Teori Zavascki, Dias Toffoli, Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski.

 

Votaram contra os ministros Luiz Fux, Celso de Mello, Rosa Weber e Cármen Lúcia. Foi decidido, contudo, que os servidores que já receberam com base em decisões administrativas de órgãos públicos não terão que devolver os valores. Como a repercussão geral do caso foi reconhecida, a decisão do STF valerá para todos os pedidos de pagamento de quintos e décimos que tramitam em tribunais inferiores. São quase 900 ações, individuais e coletivas.

 

Funcionários públicos pedem reajuste salarial de 27,3%

Trabalhadores se reúnem com ministro do Planejamento; pedido vai na contramão do corte de gastos do governo

BRASÍLIA - Em período de restrição orçamentária, os servidores públicos federais se reúnem nesta sexta-feira, 20, com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, para reivindicar um reajuste linear de 27,3%. No ano passado, o Tesouro Nacional teve de desembolsar R$ 240 bilhões para pagar os salários, aposentadorias e pensões de pouco mais de 2 milhões de servidores ativos e inativos da União, segundo o Boletim Estatístico de Pessoal e Informações Organizacionais.

 

 

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Segundo Sérgio Ronaldo da Silva, diretor da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), o reajuste pedido foi calculado com base na variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estimado para o período de agosto de 2010 a julho de 2016, em torno de 44%.

 

Foram descontados os 15,8% que o governo concedeu em três parcelas (2013, 2014, 2015) e acrescentado um ganho real de 2%. A inflação projetada para este ano está em 8%, segundo analistas ouvidos pelo Banco Central.

 

Ele afirma que foi um erro o parcelamento do reajuste da última negociação porque no período a inflação deve ser maior do que o negociado entre os sindicatos e o governo. Por isso, agora, a categoria propõe que o reajuste seja dado de forma integral, o que parece impossível diante dos planos da equipe econômica de conter os gastos públicos para cumprir a meta de superávit primário - economia para o pagamento de juros da dívida pública - e recuperar a credibilidade da economia brasileira.

 

O pleito dos servidores representaria aumento nas despesas com o pagamento do funcionalismo superior ao que o governo tenta economizar durante todo este ano de 2015: R$ 66,3 bilhões, ou 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). O aumento, no entanto, só deve ocorrer em 2016, uma vez que, em janeiro, os funcionários públicos tiveram aumento de 5%, decorrente da última negociação.

 

"É preciso começar a campanha desde já para não cometermos os mesmos erros da última negociação e não esperarmos até os 45 do segundo tempo para uma decisão", disse o diretor da Condsef, que representa servidores do Executivo. O reajuste de 15,8% foi concedido em 2012 após uma forte greve geral.