Título: Cristina se reúne com Dilma
Autor: Martínez, Manuel
Fonte: Correio Braziliense, 29/07/2011, Mundo, p. 14

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, terá hoje uma reunião de trabalho com a colega Dilma Rousseff, em Brasília, e deve fazer eco às queixas dos empresários de seu país sobre as dificuldades de exportar para o Brasil. Como resposta, ouvirá que existe disposição para remover os entraves o quanto antes, segundo uma fonte do governo brasileiro. "Temos de ver o quadro geral, e a verdade é que estamos exportando mais (para a Argentina)", disse o funcionário. "Quando você tem uma relação comercial intensa, é natural que surjam situações que exigem atenção. É assim que acontece com qualquer relacionamento comercial bilateral da importância do que temos com a Argentina", comentou o chanceler Antonio Patriota.

Durante as horas que passará na cidade, Cristina terá pelo menos 40 minutos a sós com Dilma, segundo o Palácio do Planalto. De acordo com o Itamaraty, esse momento também servirá para que a visitante reitere que, se for reeleita em outubro, dará continuidade ao processo de integração. As presidentes terão ainda uma reunião com ministros e embaixadores para revisar as ações bilaterais em diversas áreas. Em seguida, instalarão um encontro do Conselho Empresarial Brasil-Argentina. Cristina vai inaugurar a primeira sede própria da Embaixada Argentina em Brasília, e entre os convidados está o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos principais entusiastas da construção.

Comércio desigual Profissionais de empresas brasileiras exportadoras concordam em que a flexibilidade é necessária. Eles ressaltam que, muitas vezes, são setores produtivos argentinos que se encarregam de pedir ao governo local a facilitação do acesso de mercadorias brasileiras. No ano passado, o Brasil exportou US$ 18,5 bilhões e importou US$ 14,4 bilhões. Entre janeiro e junho deste ano, os argentinos compraram US$ 10,4 bilhões e venderam US$ 7,9 bilhões.

Ainda que o intercâmbio comercial se mostre promissor, sobretudo para o Brasil, persistem problemas. Brinquedos, tratores e calçados, entre outros produtos brasileiros, têm sofrido muito nos últimos meses para chegar ao mercado argentino. O Brasil dá o troco com limitações à entrada de automóveis, entre outos itens. "Somos o país que mais consome produtos industrializados argentinos. Para outros mercados, as exportações deles são encabeçadas por mercadorias agropecuárias", apontou um diplomata brasileiro.