CURITIBA

Os investigadores da Força Tarefa da Operação Lava-Jato encontraram novos indícios que reforçam as suspeitas de que o doleiro Alberto Youssef, um dos principais operadores do esquema de corrupção na Petrobras, foi sócio oculto da estatal em uma de suas subsidiárias, a BR.

O doleiro controlaria duas empresas indiretamente, a Ellobras e a Genpower, sócias da Petrobras no consórcio da Usina Termelétrica Suape II, em Pernambuco. A usina começou a ser erguida em 2008 e ficou pronta em 2013, após R$ 600 milhões de investimentos, feitos por um consórcio formado pela BR, pelas duas empresas, pela MPE Montagens e Projetos Especiais e pela a Genren.

Documentos apreendidos pela Polícia Federal revelam uma série de empréstimos de Nelson Luiz Belotti, sócio da Ellobras, para a CSA Project Finance Ltda, empresa de fachada do doleiro. As transações somam R$ 929 mil e ocorreram durante a licitação da Usina. O doleiro teria intermediado a venda da participação das duas empresas do consórcio. Um negócio de R$ 35 milhões.

Os investigadores suspeitam que a Ellobras e a Genpower são controladas pela CSA. As duas tinham 40% das cotas do consórcio. As outras três tinham 20%, cada, incluindo a BR.

Os primeiros sinais da participação da CSA nos negócios apareceram em janeiro, a partir de documentos apreendidos na casa do advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, um dos laranjas usados por Youssef. Em depoimento à Justiça, Costa confirmou que a empresa era controlada pelo ex-deputado José Janene (morto em 2010) e por Youssef. E que também tinha ainda como sócio oculto Cláudio Mente. Janene e Youssef usaram a companhia para lavar dinheiro de propina. Também está sendo investigado se a CSA foi usada para desviar dinheiro de fundos de pensão.

Em janeiro, o GLOBO mostrou que a CSA recebia dinheiro de fundos de pensão, como o Petros. Em depoimento, Costa disse que o assunto era discutido entre Mente e João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. Indagado, Vaccari Neto afirmou que era amigo pessoal de Mente e, por isso, esteve na sede da CSA, mas que não fechou com ele qualquer negócio.

Em nota, a BR Distribuidora diz desconhecer qualquer relação comercial com Alberto Youssef ou com a CSA, direta ou indiretamente.

Ontem, a PF pediu ao juiz Sérgio Moro a transferência dos presos em seu poder para o sistema do Estado, já que as carceragens estão super lotadas.. Mês passado, os presos demonstraram preferência por ficar na PF, após a divulgação de reportagens em que afirmavam estar em situação de constrangimento. O juiz não se manifestou.