A queda do voo 4U9525 da Germanwings foi causada pelo copiloto, o alemão Andreas Lubitz, de 28 anos, afirmou ontem (26) na Procuradoria da República, em Marselha, na França. Diante da suspeita, a polícia vasculhou a casa da família de Lubitz na cidade alemã de Montabaur e seu apartamento em Dusseldrof em busca de qualquer pista que possa explicar a tragédia.

Com base nas gravações de uma das caixas-pretas, a investigação apontou que o copiloto provocou a descida do Airbus A320 por iniciativa própria, até o choque com os Alpes. Como ele estava sozinho na cabine, ficou em aberto a razão da queda. Amigos da família disseram ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung que Lubitz teve uma crise de depressão alguns anos atrás - aparentemente quando fazia o curso de pilotagem -, mas atualmente estava bem.

As revelações sobre os 30 minutos finais do voo entre Barcelona, na Espanha, e Dusseldorf, na Alemanha, foram possíveis graças à captação dos sons da cabine pelo Cockpit Voice Recorder, uma das duas caixas-pretas, pelo Escritório de Investigação e Análise para a Aviação Civil (BEA, na sigla em francês).

Ontem (26), o procurador francês Brice Robin reuniu-se com as famílias das vítimas, comunicando-lhes o resultado preliminar da investigação. Às 13 horas, Robin convocou a imprensa e afirmou: “A queda do avião da Germanwings não foi um acidente, mas um crime”. As gravações indicam que o piloto foi ao banheiro e transmitiu o controle para o copiloto. “Quando ele ficou só, o copiloto manipulou o botão Flight Monitoring System para acionar a descida”, informou Robin, confirmando a atitude deliberada de derrubar o Airbus. “Ele acionou esse botão por uma razão que ignoramos, mas pode ser analisada como vontade de destruir o avião.”

Segundo Robin, o comandante bateu à porta da cabine, mas não foi atendido. A hipótese mais provável é que Lubitz tenha acionado o mecanismo que bloqueia a entrada. A gravação capta sua respiração normal. “Ele estava vivo até o momento do choque.”

Durante a descida, os gravadores registram a voz de controladores de voo chamando o avião, sem resposta. Estão registradas também as tentativas do piloto de arrombar a porta, os alertas automáticos de baixa altitude e de choque iminente. “A interpretação mais plausível é a de que o copiloto recusou-se a abrir a porta para o comandante e acionou o botão levando à perda de altitude.”

Segundo a investigação, os 144 passageiros só compreenderam o que estava ocorrendo nos instantes finais, quando são registrados seus gritos. “Até o momento, nada nos permite dizer que se trata de um atentado terrorista”, afirmou o procurador.

“Acreditamos que o avião foi deliberadamente levado a colidir por vontade do copiloto”, disse Carsten Spohr, presidente daLufthansa. “Trata-se de um assassinato em massa, não suicídio.