O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, voltou a ser vaiado, desta vez por 20 minutos, por manifestantes feministas e de organizações LGBT, no Rio Grande do Sul. Cunha se disse “indiferente” ao protesto. ­ PORTO ALEGRE­ O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB­RJ), foi, mais uma vez, impedido de se pronunciar ontem devido a uma manifestação liderada por grupos ligados a partidos de esquerda, organizações LGBT e grupos feministas. Cunha foi vaiado por mais de 20 minutos por cerca de 50 manifestantes que foram à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. O protesto também contou com um beijo gay, protagonizado por dois manifestantes.

Para que o Fórum dos Grandes Debates — que ainda contava com a presença do vice­presidente Michel Temer — prosseguisse, teve que ser transferido para um local isolado do público. O ato de protesto foi organizado por movimentos ligados ao PSOL e ao PSTU, além da Associação Nacional dos Estudantes­Livre (ANE­L), do DCE da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e de coletivos feministas. A manifestação começou a ser convocada pela internet no sábado por integrantes do coletivo Juntos, vinculado ao PSOL. O grupo tem atuação nacional e promete novos atos contra Eduardo Cunha.

Com faixas contra a PEC 352, que trata da reforma política, e cartazes em favor das comunidades LGBT, os manifestantes ocuparam parte do auditório Dante Barone e promoveram um apitaço assim que a mesa do evento começou a se formar. Quando Cunha entrou, foi chamado de racista, homofóbico e corrupto. Na semana passada, o deputado foi vaiado e impedido de falar num evento feito no plenário do Legislativo de São Paulo. DEPUTADO SE DIZ “INDIFERENTE” Além de Cunha e Temer, estavam na mesa o governador gaúcho José Ivo Sartori e o presidente da Assembleia Legislativa, Edson Brum — todos do PMDB. Brum, responsável pela recepção dos convidados, não conseguiu se manifestar devido às vaias e palavras de ordem dos manifestantes.

Depois de pedir “calma e respeito”, o presidente da Assembleia suspendeu o seminário. No local havia cartazes lembrando que Cunha é investigado pela operação Lava­Jato. Visivelmente constrangido, o deputado se reuniu com o presidente da Assembleia depois de sua aparição no seminário e disse aos jornalistas que se sentia “absolutamente indiferente” ao protesto. Cunha afirmou ainda que o grupo “está previamente determinado e escalado” para esse tipo de “agressão” e que não vai alterar sua agenda por isso. — Eu vim aqui debater reforma politica, não vim debater costumes — disse ele. O vice­presidente Michel Temer também condenou as vaias a Cunha, embora tenha minimizado o episódio. — Não podemos ser intolerantes porque isso gera intolerância do outro lado. É perigoso isso. Mas não devemos nos impressionar. 

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Temer defende que PMDB tenha mais espaço no governo  

PORTO ALEGRE

O vice-presidente Michel Temer defendeu, ontem, durante seminário sobre a reforma política em Porto Alegre que o PMDB tenha uma participação mais efetiva na definição das políticas públicas do governo. Dias antes, em entrevista ao GLOBO, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, disse que o PMDB finge que está no governo e o governo finge que o partido é aliado.

Para Temer, o partido aumentou sua influência sobre o conselho político, mas ele afirmou que uma repactuação do papel do PMDB pode ser necessária:

- Talvez deva haver uma repactuação, para o PMDB ter uma presença mais efetiva em políticas públicas do que está tendo gora. Desde quatro semanas para cá, mais ou menos, temos tomado deliberações em conjunto (com o governo). De modo que, nesse sentido, o PMDB está no governo. O que há é alguma coisa de que o PMDB deve estar mais no governo, especialmente nas políticas públicas. Não no exercício dos cargos. Mas, de três a quatro semanas para cá, estamos participando do conselho político, que é quem dá as diretrizes básicas para a política governamental.

Segundo Temer, a indicação de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para o Ministério do Turismo deverá ser confirmada esta semana pelo Planalto.