BRASÍLIA

A nova presidente do Incra, a engenheira agrônoma Maria Lúcia de Oliveira Falcón, assumiu ontem o cargo com agrados ao Movimento dos Sem Terra (MST) e a outros movimentos rurais que prestigiaram sua posse. Na cerimônia, Maria Lúcia assinou portaria criando um grupo de trabalho para avaliar formas de agilizar o procedimento de desapropriação de terras para a reforma agrária, e também anunciou que pretende assentar cerca de 120 mil famílias até 2018 - este é, segundo o MST, o número de famílias que vivem acampadas no país.

A presidente do Incra afirmou que, só neste ano, levando em consideração o orçamento previsto, pretende assentar 11 mil famílias. Mas a ideia, segundo ela, é obter créditos extraordinários para destravar logo a reforma agrária. O governo Dilma Rousseff tem os piores indicadores na área. Em seu primeiro mandato, a petista assentou 107.350 famílias. Essa quantidade está muito distante das 232.669 famílias beneficiadas durante o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. No primeiro governo Lula, o número foi ainda maior: 381.419. Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também registrou médias elevadas nas duas gestões: 287.994 na primeira e 252.710 na segunda.

- Nesses últimos quatro anos, houve uma priorização da qualificação desses assentamentos. Agora estamos numa nova fase, porque precisamos continuar investindo no processo produtivo e, ao mesmo tempo, manter uma interlocução com o Ministério Público, com o Judiciário, com os outros poderes, para avançarmos - disse Maria Lúcia.

A nova presidente já passou por cargos gerenciais no Ministério do Planejamento, no BNDES e no Dieese. Ela disse que o objetivo do Incra é retirar os entraves que dificultam a obtenção de propriedades. E defendeu ainda a elaboração e implementação do 3º Plano Nacional da Reforma Agrária. A nova gestora do Incra foi elogiada pelos movimentos sociais.

- Ela é uma pessoa qualificada tecnicamente e sempre foi dedicada à inclusão social, a olhar para os mais pobres. Então, é com muita esperança que vemos a chegada dela - comentou Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, passou mal durante a posse e teve de se retirar. Com um problema de pressão, ele foi encaminhado ao Departamento Médico da Câmara dos Deputados, mas passa bem.