RIO — Em meio à pior crise de sua história, a Petrobras está em conversas com o presidente da Vale, Murilo Ferreira, para que o executivo integre o Conselho de Administração da estatal. Segundo uma fonte da Petrobras, Ferreira já manifestou o desejo de colaborar. Outra fonte próxima ao presidente da mineradora também informa que Ferreira irá para a presidência do conselho, cargo hoje ocupado pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
 

A renovação do conselho da Petrobras é uma das bandeiras do novo presidente da petroleira, Aldemir Bendine, como publicou o colunista Ancelmo Gois. A ideia é não ter membros do governo ocupando os assentos.

O nome de Ferreira figurou entre os cotados para assumir a gestão da Petrobras, anteriormente à nomeação de Bendine.

Oficialmente, a Vale não comenta o assunto. Ferreira, segundo a assessoria de imprensa da companhia, está fora do Rio em viagem.

Se Murilo Ferreira for confirmado para ocupar a presidência do conselho de administração da Petrobras, seu nome será levado pelo governo federal para aprovação na próxima reunião do conselho prevista para o dia 23. Nesse caso, na mesma ocasião, o ex-ministro Guido Mantega renunciará ao cargo.

Desde a mudança da presidência da Petrobras e de cinco diretores, no dia 6 de fevereiro, o governo federal decidiu que, na troca dos membros do conselho de administração da estatal — cujos mandatos vencem em abril próximo — seriam indicados executivos do mercado e não mais representantes do governo.

Foi assim no último dia 27, quando o governo indicou o nome do advogado Luiz Navarro, da Veirano Advogados, para uma das vagas do conselho no lugar do secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimermmann, que renunciou no mesmo dia.

COMPOSIÇÃO DO CONSELHO

O conselho de administração é formado por dez membros, dos quais sete são representantes do controlador (a União), e três outros independentes. Um deles representa os acionistas minoritários detentores de ações ordinárias, outro os acionistas detentores de ações preferenciais e o último, os funcionários da Petrobras.

Se Murilo Ferreira aceitar presidir do conselho no lugar do ex-ministro Guido Mantega, como o atual presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, já ocupa uma das vagas no conselho, em substituição à ex-presidente Graça Foster, além de Luiz Navarro, restariam ainda quatro vagas no conselho a serem eventualmente substituídas: Luciano Coutinho, presidente do BNDES, o General Francisco Roberto de Albuquerque, Sérgio Quintela, presidente da FGV, e Míriam Belchior, atual presidente da Caixa Econômica Federal (CEF).

Os mandatos dos dez conselheiros são de um ano e vencem no próximo mês de abril, quando normalmente seriam realizadas as assembleias geral ordinária e extraordinária para aprovação dos resultados da Petrobras em 2014 e a eleição dos novos membros.

Como a estatal ainda não conseguiu publicar seu balanço do ano passado auditado pela PricewaterhouseCoopers (PWC), não se sabe ainda quando essas assembleias acontecerão. Por isso o governo já está fazendo suas articulações na escolha dos novos membros do conselho e fazendo as substituições gradualmente.

PETROBRAS DIZ NÃO TER SIDO INFORMADA SOBRE ALTERAÇÃO

A Petrobras enviou, na noite de terça-feira, fato relevante á Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no qual informa que "até o momento, não foi informada pelo acionista controlador da intenção de alteração na composição do seu Conselho de Administração."

A petrobras lembrou ainda que sete dos dez membros do Conselho de Administração foram indicados ou apoiados pelo acionista controlador (são representantes do acionista controlador). A estatal ressaltou que a legislação admite a possibilidade de Administradores de sociedades por ações renunciarem a seus cargos a qualquer momento.

"No caso de vacância do cargo de Conselheiro, o substituto será nomeado pelos Conselheiros remanescentes e servirá até a primeira Assembleia Geral de Acionistas."

Em Brasília, fontes ligadas ao Palácio do Planalto afirmam que a presidente Dilma Rousseff tem pressa em fazer mudanças no Conselho — sobretudo para acelerar a saída de Mantega, com quem ela sequer conversa. Ele é visto como omisso na questão do balanço e na negociação com a PwC.