Título: Confiança é o critério
Autor: Lyra, Paulo de Tarso; Álvares, Débora
Fonte: Correio Braziliense, 29/07/2011, Política, p. 2

Análise da notícia

O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, seguiu à risca o script traçado pela presidente Dilma Rousseff quando o escolheu para suceder Alfredo Nascimento. Dilma queria que os substitutos fossem pessoas técnicas, sem qualquer vínculo partidário. Em entrevistas e declarações durante a crise na pasta, a presidente procurou minimizar os atritos com o PR. Mas também deu diversos recados, indicando que estava farta do esquema de desvios de recursos montados pelo partido no ministério e nos órgãos subordinados.

Miguel Masella passa longe do PR, como reconhece umas das principais lideranças do partido, o deputado Luciano Castro (PR-RR). "A relação dele com o PR é zero. Eu o conheço dos corredores do ministério e talvez de um ou outro "bom-dia"", comentou o parlamentar, que, há duas semanas, reclamava abertamente do Planalto, mesmo sendo um dos vice-líderes do governo na Câmara.

Passos goza da confiança da presidente Dilma. E nomeou como seu braço direito alguém bastante ligado a ele. Na cadeia administrativa, relações desenvolvidas ao longo de anos de trabalho servem para azeitar os laços profissionais ¿ o que também pode ajudar na busca por eficiência na gestão de um órgão. Mais do que o mero loteamento e cargos para agradar aliados. Mas também podem gerar efeitos em cascata, caso o trem descarrile em algum momento neste percurso.

Assim como o próprio ministro, Miguel Masella é funcionário de carreira dos Transportes. E, ao aceitar o cargo, assume pessoalmente os riscos de sua efetivação, incluindo os problemas que seriam gerados com a descoberta de novos escândalos na pasta. (PTL)