-BRASÍLIA- Apesar da negociação entre governo e Congresso em torno da correção do Imposto de Renda na fonte, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), manteve ontem o tom crítico ao governo da presidente Dilma Rousseff. Renan disse que a coalizão do governo tem problemas e que, do ponto de vista da aliança, “não se resolveu nada”. E acrescentou que o governo parece que envelheceu, mesmo Dilma tendo tomado posse em janeiro para o segundo mandato com um novo Ministério.
No auge da crise, Renan disse que a coalizão era “capenga” e manteve o posicionamento crítico ao responder se o acerto teria resolvido problemas políticos.
— Do ponto de vista da aliança, não se resolveu nada. Evidente que não falo pelo partido ( PMDB), falo pelo Congresso. Do ponto de vista do Congresso, tivemos uma inversão de tudo que estava acontecendo até aqui: devolvemos a MP 669 ( sobre desonerações fiscais) e hoje foi editada uma MP (do IR) como produto da conversa com o Congresso. Agora, a coisa da aliança precisa ter um fundamento. Esse governo parece que envelheceu — disparou.
Para o peemedebista, as negociações entre os poderes Executivo e Legislativo e as negociações dentro da base aliada são coisas separadas. Na semana passada, Renan devolveu a MP 669, que reduziu a política de desonerações fiscais, alegando que o texto era inconstitucional.
— Uma coisa é uma negociação no Congresso, produzindo uma MP como consequência, e outra coisa é a aliança, que tem dificuldade.
SENADOR PROMETE IR AO LIMITE
Renan avisou que defenderá as prerrogativas do Congresso “até o limite”. No caso do IR, Renan afirmou que a solução partiu do Legislativo. Na terçafeira, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, esteve duas vezes no Congresso para fazer o acordo. Na noite de ontem, o Congresso manteve o veto da presidente à correção geral de 6,5% à tabela do IR.
Já o presidente da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), disse em entrevista ao jornal espanhol “El País” que a corrupção na Petrobras é “um esquema do Poder Executivo”. Segundo ele, “alguns parlamentares até podem ter apoiado sem saber que era corrupção, pela natureza política. Outros, podem ter compartilhado”. Mas a organização criminosa, segundo seu ponto de vista, é de responsabilidade do governo.
— A pauta vai ser tocada normalmente. Esse é um esquema do Executivo. A corrupção está no Governo, não está no Parlamento. Eventualmente, alguém do Parlamento pode ter se beneficiado da corrupção do Governo, o que é uma coisa que está sendo investigada. Há um esquema sistêmico de corrupção da Petrobras — disse ao “El País”.