Título: Grécia a um passo de deixar credor na mão
Autor: Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 17/07/2011, Economia, p. 15

Apesar de Atenas negar oficialmente, a Grécia está prestes a ser palco de uma situação inédita na Zona do Euro. Ao longo da semana, países europeus sócios e credores romperam o tabu e admitiram a possibilidade de arcar com os prejuízos de um calote grego. O mercado já dá como certo que as agências de classificação enquadrarão o país no chamado "default parcial" ¿ a suspensão temporária de pagamentos.

Para tentar evitar um verdadeiro "terremoto" na Zona do Euro, o ministro grego das Finanças, Evangelos Venizelos, defendeu-se mais uma vez, desqualificando as instituições que avaliam o risco de crédito das economias. "Não se pode confundir a avaliação de uma agência com um fato econômico real", disse. "O termo assusta, mas não há razão para isso", garantiu.

Diante do caos, a União Europeia continua movendo esforços para encontrar soluções e liberar um segundo pacote de ajuda à Grécia, de 85 bilhões de euros. Desta vez, o socorro envolve a participação de credores privados. A situação do país é tão crítica que analistas do mercado dizem que ele não poderá se salvar apesar do auxílio financeiro da Zona do Euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Para Atenas, porém, esses especialistas não passam de especuladores.

Moratória A despeito de tantas turbulências, o primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, descartou uma moratória de seu país. Ele ressaltou que o governo tomou as decisões necessárias, por mais difíceis que tenham sido, para lidar com a crise. O parlamento aprovou, há cerca de 15 dias, um pacote com cortes profundos nos gastos públicos, incluindo redução de salários. "Agora, é a vez de a Europa acordar", destacou. Na próxima quinta-feira, 21 de julho, será realizada a cúpula extraordinária da Zona do Euro, que deverá esclarecer as modalidades do segundo plano internacional de ajuda à Grécia.