Os empresários da construção civil demonstram preocupação crescente com o ritmo da atividade e as perspectivas futuras do setor. É o que mostram tanto o Índice de Confiança da Construção (ICST) da FGV - que caiu 8% entre fevereiro e março e atingiu o menor patamar desde 2010 - quanto a Sondagem da Construção de fevereiro da CNI. Com indicadores ruins, as empresas adiam decisões de investimento e se concentram na geração de caixa ou na renegociação dos débitos bancários, segundo o Broadcast, da Agência Estado. A queda de 2,3% do PIB da construção entre os últimos trimestres de 2013 e de 2014 confirma a tendência negativa.

E o quadro tende a se agravar. Pesquisa da consultoria GO para a Associação Paulista de Obras Públicas (Apeop) mostrou que 43% das empresas vão cortar investimentos nos próximos 12 meses.

Ana Maria Castelo, da FGV-Ibre, enfatiza que os sucessivos recordes negativos mostram que "o nível de atividade do setor está caindo rapidamente". E o "elemento inesperado" vem da infraestrutura. Obras são "paralisadas independentemente do estágio, o que tende a gerar um impacto ainda mais forte".

Os efeitos da Operação Lava Jato sobre as grandes construtoras são de tal ordem que os indicadores da CNI só são menos ruins nas pequenas construtoras. Estas têm maior nível de atividade, maior atividade em relação à usual e menor propensão a dispensar mão de obra. Mas, nos levantamentos em geral - em que o termo médio é de 50 pontos e abaixo disso o campo é negativo -, todos os números são desfavoráveis. O setor está no piso histórico.

Entre fevereiro de 2014 e fevereiro de 2015, o uso de capacidade (UCO) caiu de 69 pontos para 60 pontos - e é o único indicador mais favorável às grandes empresas, que estão utilizando 62% da capacidade (as pequenas e médias operam com 57% da capacidade).

O nível de atividade em relação à usual é de 35,8 pontos nas pequenas empresas, 33,4 pontos nas grandes e 31,2 pontos nas médias, segundo a CNI. A construção de edifícios está em patamar fraco (35 pontos, com queda de 3,5 pontos em relação a janeiro e 9,6 pontos em relação a fevereiro de 2014). E é ainda pior nos serviços especializados (32,4 pontos) e nas obras de infraestrutura (30 pontos) - neste caso, a queda foi de 15,1 pontos em 12 meses.

E, na habitação popular, nem os estímulos oficiais impedem demissões e atraso de obras, pela demora no repasse de recursos.