A Indonésia ignorou apelo do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, e confirmou que vai executar o paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, de 42 anos, e outros oito condenados por tráfico. A execução pode acontecer a partir de amanhã.
Ontem, Gularte rejeitou fazer seus três últimos pedidos e expressou confiança de que a sentença não será cumprida. O brasileiro recebeu notificação anteontem de que será executado por fuzilamento. Ele foi preso em 2004 ao tentar entrar no país asiático com 6 quilos de cocaína escondidos em uma prancha de surfe. No ano seguinte, foi condenado àmorte. Após a decisão ser divulgada, o líder máximo das Nações Unidas emitiu comunicadoem que ressalta que a organização se opõe à pena de morte e pede ao presidente indonésio, Joko Widodo, que considere a possibilidade “de declarar uma moratória sobre a pena de morte, como objetivo de aboli-la”.
Mesmo após a manifestação da ONU, o porta-voz da chancelaria indonésia, Arrmanatha Nasir, indicou a intenção de manter a pena. “Tomamos conhecimento da declaração das Nações Unidas, mas também ressaltamos que nada similar foi feito quando executaram recentemente dois indonésios”, afirmou ele, referindo-se à pena capital aplicada a dois cidadãos do país asiático na Arábia Saudita. Pedidos. Em entrevista à BBC Brasil, o advogado de Gularte, Ricky Gunawan, disse que, ao ser comunicado sobre a execução, o brasileiro alterou momentos de lucidez com discursos “delirantes”, no qual disse acreditar que sua execução não aconteceria.“Ele rejeitou (os últimos três pedidos), rindo. E disse: ‘Isso é alguma coisa como Aladdin? Não preciso disso’.
Quando falamos da execução, ele disse que houve uma conferência internacional de procuradores ontem (anteontem) e hoje (ontem) em que a pena de morte foi abolida e que ele não será executado”, afirmou Gunawan.
Prima de Gularte, Angelita Muxfeldt está no país acompanhando as negociações. A família e a defesa de Gularte e o governo brasileiro defendem que ele não seja responsabilizado por seus atos porque sofreria de esquizofrenia. Hoje, a defesa entra com um último pedido de recurso com o governo daIndonésia. “Compilamos várias provas (da existência da doença) e esperamos que cancelem a execução do nosso cliente”, afirmou Christina Widiantart, também advogada de Gularte.
O Itamaraty informou que as autoridades brasileiras seguem em negociação na tentativa de reverter a pena. Caso a decisão indonésia seja mantida, o paranaense será o segundo brasileiro a ter uma sentença de pena de morte executada no exterior. O primeiro foi o carioca Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, morto em janeiro após ser condenado por tráfico de drogas, também na Indonésia.