Um dia depois do terremoto de 7,8 graus que devastou o Nepal, a capital do país se mantinha ontem em estado de pânico. No início da tarde, outro forte tremor, desta vez de 6,7 graus, fez com que nepaleses e turistas corressem mais uma vez para as ruas. O número oficial de mortos do abalo que devastou as maiores cidades do país no sábado chegou a 2,5 mil.

Na noite de ontem, com chuva e temperaturas abaixo dos 15°C, famílias inteiras dormiram sob marquises, toldos ou tendas feitas de painéis de propaganda em pedaços de madeira. Nos hotéis, camas foram montadas em lobbies e jardins. Com o risco de mais um forte tremor, ninguém se arriscava a estar longe de portas abertas e rotas de fuga.

O aeroporto de Katmandu, fechado desde o momento do primeiro tremor, reabriu ontem. Milhares de pessoas correram para o local na tentativa de embarcar no primeiro voo para fora do Nepal, mas poucas conseguiram. Por outro lado, nepaleses tentavam embarcar a qualquer custo em Abu Dabi e Doha para voltar para casa.

Somavam-se à confusão no aeroporto dezenas de jornalistas que chegaram à cidade e ainda alguns turistas que, apesar dos problemas e das dezenas de rotas de trekking destruídas, decidiram manter as viagens já programadas. Um desses turistas, russo, que preferiu não se identificar, disse ao Estado que já estava com a viagem paga e as reservas feitas.

Retido por uma noite em Abu Dabi, decidiu manter a viagem, planejada há um ano, para o acampamento base do Everest, onde avalanches provocadas pelo terremoto mataram pelo menos 18 pessoas (mais informações nessa página).

Abalos secundários. Tremores ainda sacodem o país periodicamente. Especula-se sobre mais um grande terremoto nos próximos dias, mas as previsões são na verdade precárias e pouco precisas.

Boa parte do Nepal está no escuro e os sistemas de comunicação funcionam apenas de forma intermitente. Nos centros de tratamento e tendas improvisadas, faltam médicos, mantimentos, remédios e água. Sobram feridos - cerca de 5 mil nas ultimas estatísticas oficiais.
Ajuda
Reforços estrangeiros para os trabalhos de resgate, que começaram a chegar ainda no sábado, aumentaram ontem. Os Estados Unidos enviaram uma equipe de socorristas e liberaram US$ 1 milhão para auxílio humanitário. Paramédicos e outros especialistas também foram enviados por China, Índia, Alemanha e Paquistão.
A Grã-Bretanha anunciou ontem que enviaria equipes de resgate e aviões com suprimentos. O governo britânico acredita que muitos de seus cidadãos ficaram retidos no Everest após a avalanche causada pelo sismo.
A ONU divulgou ontem a estimativa de que 6 milhões de pessoas vivem ou viviam em áreas atingidas pelo tremor. A organização também enviará ajuda humanitária e suprimentos.