Título: De olho na crise
Autor: Azedo, Luiz Carlos; Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 23/07/2011, Política, p. 3

Dilma Rousseff não esconde o seu temor de uma nova crise no mercado mundial, que teria efeitos perversos sobre a economia brasileira. "Estamos monitorando diariamente a situação na Europa e nos Estados Unidos. Não sabemos se eles estão dançando à beira do abismo ou têm uma rede de proteção", assinalou. Mas ela fez questão de ressaltar que o governo está pronto para tomar "medidas duras", se necessário, para proteger o país.

A preocupação é tanta, ressaltou a presidente, que "Guidinho", o seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, está de olho aberto, praticamente não dorme, para acompanhar o que acontece nos dois lados do Atlântico. "Chova ou faça sol, estamos olhando os efeitos da crise na Europa e a questão do teto da dívida pública (dos Estados Unidos, que está em US$ 14,3 trilhões) sobre nossa economia, porque isso é da nossa responsabilidade", enfatizou. "E quando percebermos qualquer ameaça, tomaremos medidas duras", emendou. Indagada sobre quais seriam essas medidas, respondeu, sorrindo: "Vocês acham que vou dizer?".

No entender da presidente, o socorro de 159 bilhões de euros dados à Grécia pela União Europeia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os bancos privados pode, em tese, ser caracterizado como um calote. Ela destacou, ainda, a necessidade de o governo dos Estados Unidos e a oposição chegarem a um acordo para resolver a questão da dívida, pois a apreensão no mundo todo com o tema é enorme. "A gente não sabe até onde vai a irracionalidade na política", disse. (VN e LCA)